domingo, 20 de janeiro de 2013

Jean Charles


    O final desse filme todo mundo já sabe, mesmo antes de assistir. Ele é baseado numa história (triste) verdadeira. Em 2005 Londres sofreu vários atentados na ruas e em metrôs, denominados de ataques terroristas. Houve um reforço no policiamento e nas investigações para evitar novos casos. Foi no meio dessa confusão que Jean Charles de Menezes morreu.
    O filme conta uma história que, não fosse pelo final trágico, poderia ser a história de qualquer imigrante brasileiro trabalhando em um país do hemisfério norte para buscar um padrão de vida melhor. Jean vive em um apartamento apertado com seus três primos e todos parecem ter vindo da mesma cidade interiorana mineira, Gonzaga.
    No filme, conhecemos um Jean Charles esperto e generoso, que faz uso de algo que talvez possa ser chamado de "jeitinho brasileiro": cria alternativas e estratégias para prosperar e ajudar os outros. Além do personagem principal, há Vivian, que ganha destaque como prima de Jean,  passando por uma transformação pessoal desde sua chegada a Londres até o assassinato dele.
    O mais legal do filme: a visão de como é a vida dos imigrantes brasileiros na capital britânica. Não que isso seja uma novidade, mas a atuação do elenco (parte dele é composta por verdadeiros imigrantes brasileiros radicados em Londres) é tão convincente e natural que faz com que sintamos a paradoxal liberdade de se estar em um país estrangeiro, teoricamente mais desenvolvido e com melhores condições, mas vivendo na ilegalidade, distantes de casa e de voltar para ela.

Trailer

Ficha Técnica
Jean Charles (2009)
Direção: Henrique Goldman
Elenco: Selton Mello, Vanessa Giácomo, Luiz Miranda, Patrícia Armani
Curiosidade: Patrícia Armani interpreta ela mesma no filme. Ela é realmente prima de Jean Charles.
Duração: 93 minutos

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sob o Sol da Toscana (Under the Tuscan Sun)


    Se você é uma pessoa facilmente seduzível, gosta de aventurar-se por novos lugares ou toma decisões por impulso, não assista este filme. Não será mera coincidência se amanhã você estiver embarcando em um avião. Eu, que não me enquadro (não tanto quanto eu gostaria...) nestas características, quase arrumei as malas e já estava procurando passagens pra Florença depois de assisti-lo.
    A história é inspirada (isto é, inventada sobre uma base verdadeira) no livro autobiográfico da escritora americana Frances Mayes, que dá nome à protagonista.
    No filme, Frances é uma professora e crítica literária californiana. Quando consegue, escritora. É casada, até os primeiros 10 minutos de filme. Na separação ela leva a pior, em todos os sentidos, e se vê obrigada a deixar a própria casa. Afundada na angústia, na perda, no vazio total, uma oportunidade aparece: uma viagem turística para a região da Toscana. E o que seria melhor para recuperar as forças do que pisar com o corpo todo em solo italiano?
    Não há uma discussão sobre acaso ou destino na história, mas outra oportunidade surge para Frances. Sem nada que a prenda em São Francisco, ela a abraça. E é a partir desta decisão que ela, aos poucos, se transforma em Francesca, com a ajuda da paisagem, da cultura local e, fundamentalmente, das pessoas! O humor na medida certa, as frases marcantes e a fotografia incrível não devem passar despercebidos!
    O mais legal do filme: a Itália. Com todos os belos clichês que conhecemos: cores, intensidade, fala cantada, amor, campos floridos, arquitetura divina, mar e gente italiana.

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Ficha Técnica
Under the Tuscan Sun (2003)
Direção: Audrey Wells
Elenco: Diane Lane, Raoul Bova, Vincent Riotta, Sandra Oh
Duração: 113 minutos

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Paris, eu te amo (Paris, je t'aime)

    "Paris, eu te amo" é daquele tipo de filme que mal acaba, já dá vontade de assistir de novo. Trata-se de uma produção coletiva, que reúne diretores e atores consagrados e desconhecidos. Faz parte do projeto Cities fo Love. Cada diretor conta sua história em um curta-metragem de 5 minutos. São 18 no total. E o que as histórias têm em comum? O cenário e o amor!
    Todos os filmes são rodados em Paris, em diferentes bairros da Cidade Luz (os títulos dos curtas são referentes ao local onde a história acontece). É interessante notar como a cidade, um todo de diversidade cultural, estrutura física, monumentos, história e figuras características, é um personagem fortemente presente em todas as produções. Não é apenas na fotografia dos filmes que Paris aparece.  Ela é central em cada história.
    O amor, com todas as suas nuances e em diversas formas de expressão, é também comum em todas as histórias. O começo, o fim, a transformação, com humor, sofrimento, fantasia, melancolia. Fiquei com vontade de ter o filme em casa, pra assistir, quando der vontade, a história que mais combinar com meu momento particular (sim, pois os filmes podem ser vistos separadamente).
    O mais legal do filme: como os diretores conseguem criar realidades complexas, interessantes e inteligíveis em tão pouco tempo. A história termina e a sensação é de querer continuar conhecendo aquelas vidas. Cada história daria um longa-metragem, mas talvez o especial seja justamente a brevidade, que nos encanta com o mistério que nos obriga a imaginar. 



Ficha Técnica
Paris, je t'aime (2006)
Organização: Emmanuel Benvihy
Direção: Joel Coen e Ethan Coen, Walter Salles e Daniela Thomas, Olivier Assayas, Frédéric Auburtin e Gérard Depardieu, Gurinder Chadha, Sylvain Chomet, Isabel Coixet, Wes Craven, Alfonso Cuaron, Christopher Doyle, Richard LaGravanese, Vincenzo Natali, Alexander Payne, Bruno Podalydès, Olivier Schmitz, Nobuhiro Suwa, Tom Tykwer, Gus Van Sant.
Elenco: Steve Buscemi, Catalina Sandino Moreno, Juliette Binoche, Willem Dafoe, Nick Nolte, Maggie Gyllenhaal, Bob Hoskins, Natalie Portman, Elijah Wood, Gena Rowlands e outros.

Duração: 120 minutos

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland)

   “Envolvente” é uma palavra que descreve bem este filme, que mistura de forma inteligente fatos históricos com ficção. Ambientado na década de 70, ajuda a contar uma parte da história de Uganda, país do leste africano colonizado pela Inglaterra, sob a perspectiva de um jovem escocês recém-formado em medicina. 
    Nicholas Garrigan quer se aventurar pelo mundo. A razão: sua previsão de um futuro maçante sob a égide de pais conservadores. Esta previsão, não dita, porém sentida, é um mérito do diretor, aliás, que consegue, em uma cena simples e brevíssima, demonstrar a realidade de Nicholas. 
    Um giro no globo terrestre e o jovem está na República de Uganda. Ele chega no momento em que o militar Idi Amin tomou o poder através de um golpe de estado. Em pouco tempo, o agora Dr. Garrigan passa de médico em um posto comunitário no interior de Uganda a médico pessoal do presidente Amin. O interessante é a construção de uma interação entre um personagem real (Amin) e um personagem fictício (Garrigan) e eu diria que este é o protagonista da história: o relacionamento entre os dois personagens, sempre no limite da verdade, da tensão e da submissão. 
    O mais legal do filme: o amadurecimento forçado de Garrigan, que passa de um inexperiente jovem médico europeu a uma peça fundamental do círculo de relações de um ditador africano. Sem perceber, Garrigan torna-se submisso e impotente diante das decisões de Amin sobre seu futuro. Seu envolvimento na ditadura cruel de Amin foge de seu controle e, a cada escolha, sua volta pra casa se torna mais distante.

Trailer

Ficha Técnica
The Last King of Scotland (2006)
Direção: Kevin Macdonald
Elenco: Forest Whitaker (Melhor ator: Oscar, Bafta e Globo de Ouro), James McAvoy, Kerry Washington, Gillian Anderson
Duração: 121 minutos