segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Toda Forma de Amor (Beginners)

     Este belo filme conta a história de Oliver, um artista gráfico solitário que acaba de perder o pai, Hal, vitimado por um câncer. Quatro anos antes de morrer e logo após ficar viúvo, Hal revelou ao filho que era homossexual. A morte da mãe, essa revelação e o posterior adoecimento do pai, levam Oliver a refletir sobre relacionamentos, escolhas, amor, tristeza, sobre a vida de forma geral. Constantemente somos reportados à convivência com seu pai e seu namorado mais novo, após a descoberta da doença, e à sua infância, momentos em que, junto com o personagem, fazemos análises do cotidiano de seus pais e de como a relação deles influenciou a sua forma de enxergar a vida e as pessoas.
    Imerso na tristeza provocada por todos estes acontecimentos, que acabam afetando seu processo criativo de uma forma bastante interessante, nada nem ninguém são capazes de animá-lo. Até que conhece Anna, uma moça inicialmente misteriosa, que compreende seus dramas instantaneamente. Os dois acabam iniciando um relacionamento que parece fazê-los perceber que, independentemente da idade que se tem, das experiências que se teve ou do que a vida ensinou, quando se trata de relacionar-se com as pessoas, todos são iniciantes (como diz o título original do filme) descobrindo novas formas de ser e fazer.
    O filme tem um jogo temporal bem construído: momentos diferentes da vida de Oliver vem à tona a cada momento para nos ajudar a compreender sua história. Ele mesmo faz análises sensíveis sobre a passagem do tempo na sociedade e na vida das pessoas.
    O mais legal do filme: os personagens, incluindo o cachorro, são um melhor que o outro.

Trailer

Ficha Técnica
Beginners (2010)
Direção: Mike Mills
Elenco: Ewan McGregor, Cristopher Plummer, Mélanie Laurent, Goran Visnjic
Principais premiações: Ator Coadjuvante para Cristopher Plummer (Oscar)
Duração: 105 minutos

domingo, 29 de setembro de 2013

O Tempo e o Vento

    Sempre há riscos ao adaptar a história de um livro para o cinema. A complexidade da história e a riqueza dos personagens geralmente fica comprometida e dificilmente conseguimos separar as duas obras. Mais perigoso ainda é adaptar um livro de grande importância literária para o cinema. A saga "O Tempo e o Vento", que conta a história do Rio Grande do Sul através da família Terra Cambará, dividida em sete livros e obra-prima de Erico Verissimo (um dos meus escritores favoritos), é uma obra de grande importância literária. A adaptação, em minha visão, falhou grandemente, muito mais do que se poderia esperar.
    A impressão que tive ao assistir o filme: estou vendo uma minissérie "açucarada" da Rede Globo. Muitos suspiros, olhares que não dizem nada, clichês. Ana Terra, personagem importantíssima da literatura brasileira, foi vergonhosamente interpretada, sem nada da força que deveria mostrar, e muitas caras e bocas forçosamente sensuais. Nada convincente. Poucas cenas de "peleia". Pouca emoção. Pouco vento.
    Os personagens Bibiana e Capitão Rodrigo, este presente na imaginação dela, são os que nos conduzem através da história da família e, de certa forma, salvam o filme de um desastre maior. Ainda destaco o fato de que apenas a primeira parte da história foi contada. O título "O Continente" seria mais propício, ao invés do nome completo da saga, pois o filme mostra apenas este primeiro volume (os outros dois volumes do livro são "O Retrato" e "O Arquipélago").
    O mais legal do filme: a probabilidade de que mais pessoas venham a ler a obra de Erico.

Trailer

Ficha Técnica
O Tempo e o Vento (2013)
Direção: Jayme Monjardim
Elenco: Thiago Lacerda, Fernanda Montenegro, Cléo Pires, Marjorie Estiano, Paulo Goulart
Duração: 127 minutos

sábado, 28 de setembro de 2013

O Artista (The Artist)

    Um filme mudo em preto e branco lançado em 2011 que aborda a transição do cinema mudo para o cinema falado. No mínimo um filme diferente entre os tantos outros produzidos no mesmo ano. Pode ser considerado uma obra que utiliza a metanarrativa, já que fala sobre o cinema mudo e é um filme mudo, feito fora de sua época.
    Trata-se da história de George Valentin, um ator muito famoso em Hollywood no final da década de 1920, momento em que o cinema estava em alta. Ele conhece por um acaso uma moça ousada chamada Peppy Miller, que deslumbrada com seus 15 segundos de fama, resolve tentar alguma coisa no mundo cinematográfico. Eles se encontram novamente nos bastidores e Valentin resolve ajudá-la, pois fica encantado com Peppy. E enquanto ela vai ascendendo na carreira, ele depara-se com a transformação decisiva do cinema mudo para o cinema com som, repudiando esse novo formato e entrando em decadência.
       Além do mérito de homenagear o cinema antigo, trazendo ao público uma linguagem cinematográfica à qual não estamos habituados, o filme também consegue criar não um, mas três personagens extremamente carismáticos: os dois protagonistas e o cachorrinho de estimação de Valentin, atrativo à parte na história. A carga dramática e a veia cômica, que não poderiam faltar em um filme mudo característico, estão presentes e bem representadas. Depois de assisti-lo, consegue-se entender porque agradou tanto a todos. É um filme belo e encantador.
    O mais legal do filme: o despertar do desejo de assistir a filmes antigos "de verdade".

Trailer

Ficha Técnica
The Artist (2011)
Direção: Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, Penelope Ann Miller
Principais premiações: Filme (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, César), Direção (Oscar, Bafta), Ator para Jean Dujardin (Oscar, Globo de Ouro, Bafta), Atriz para Bérénice Bejo (César), Trilha Sonora (Oscar, Globo de Ouro, Bafta), Roteiro Original (Bafta).
Duração: 100 minutos

domingo, 15 de setembro de 2013

Se Beber, Não Case! (The Hangover)

    Um belo filme em homenagem à Lei de Murphy: tudo que poderia dar errado numa despedida de solteiro em Las Vegas, da pior forma possível.
    Um quarteto composto por um bonitão irresponsável, um "nerd" dominado pela mulher, o noivo e o irmão biruta da noiva, vai a Las Vegas para uma despedida de solteiro inesquecível. Mas o evento acaba se tornando uma sucessão de mancadas que tem como consequência o desaparecimento do noivo. Os três padrinhos acordam no quarto luxuoso do hotel que haviam alugado, após a noite de festa que não é mostrada, e deparam-se com várias coisas fora do lugar, um bebê e um tigre estão a lhes fazer companhia e o noivo está sumido. Eles então começam uma busca pelo amigo e por respostas para as bizarrices que vão encontrando pelo caminho.
    A história do filme é muito boa. Ela tem o mérito de despertar a nossa curiosidade quanto aos fatos estranhíssimos que vão acontecendo e somando-se no decorrer da trama. Algumas respostas, porém, são menos criativas do que poderiam ser, como a história do tigre. Posso usar este filme como exemplo para falar sobre o quanto as expectativas que criamos sobre um filme (ou qualquer coisa na vida) quando ouvimos a respeito dele podem tornar-se inatingíveis, dependendo de como as informações chegam até nós. Falaram-me tão bem a respeito, que acabei me decepcionando um pouco. O filme é bom, mas eu esperava rir bem mais.
    O mais legal do filme: a resolução do caso do desaparecimento do noivo. E a cena do "porta-malas surpresa"!

Trailer

Ficha Técnica
The Hangover (2009)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zack Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham
Duração: 90 minutos 

domingo, 8 de setembro de 2013

Melancolia (Melancholia)


    "Melancolia" é um filme sobre uma temática bastante conhecida no cinema, mas abordada de uma forma totalmente diferente. O possível fim do mundo se aproxima, mas não há invasões alienígenas, criaturas quase indestrutíveis, pragas ou catástrofes naturais como terremotos e tsunamis. A causa do fim da humanidade poderá ser um planeta denominado Melancolia, que se aproxima da Terra com chances de um choque arrasador.
     Há uma estética diferenciada, apegada ao detalhe, à composição belíssima de cores e luzes e a um ritmo de filmagem muito peculiar em todo o filme. Todos esses aspectos convergem para criar uma sensação que combina com o estado de espírito dos personagens frente a um acontecimento inédito e desconhecido, prestes a ocorrer.
    O filme é dividido em duas partes, estrutura comum na obra de Lars Von Trier, diretor dinamarquês controverso e original. Na primeira parte conhecemos Justine em seu casamento, numa festa muito requintada na casa de sua irmã Claire. Esta dá nome à segunda parte do filme, quando as relações e emoções dos personagens diante do planeta Melancolia ficam mais aparentes.
    Há que se aproveitar cada segundo assistindo. Logo que termina surge a vontade de ver de novo pra perceber novos aspectos e entrelinhas. Sentimentos, os mais variados, serão despertados: admiração, tristeza, e claro, uma melancolia reflexiva e arrebatadora, que me fez ter sonhos durante todo o sono da noite posterior à apreciação do filme.
    O mais legal do filme: as cenas iniciais, quadros vivos perturbadores e fascinantes.

Trailer (site oficial)

Ficha Técnica
Melancholia (2011)
Direção: Lars Von Trier
Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland
Principais premiações: Filme (Prêmios do Cinema Europeu), Atriz para Kirsten Dunst (Cannes)
Duração: 130 minutos