quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Boyhood - Da Infância à Juventude

    O mais óbvio argumento para convencer alguém a assistir esse filme é dizer que nunca antes houve um projeto igual na história do cinema (ao menos que eu ou o Google saibamos). Trata-se de um único filme que demorou doze anos para ser concluído, acompanhando assim o amadurecimento de seu elenco. Nem a série de filmes de Harry Potter, com oito produções, acompanhou tanto tempo na vida de seus jovens atores.
    O realizador desta obra audaciosa é Richard Linklater, diretor e roteirista de três dos meus filmes preferidos: Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite. Esta também é uma maravilhosa trilogia que abarca dezoito anos na vida de um casal, mas tratam-se de filmes lançados separadamente, e os atores são já adultos quando os conhecemos. A magia de Boyhood é ver duas crianças crescendo durante doze anos, tornando-se adolescentes e jovens, fazendo escolhas, tudo isso em um mesmo filme.
    Conhecemos Mason quando ele tem seis anos, vive com sua irmã Samantha e com sua mãe, Olivia, recebendo visitas esporádicas de seu pai. Através das diferentes fases pelas quais a família passa, eventos que poderiam acontecer com qualquer família da vida real, acompanhamos as relações entre os personagens principais, novos casamentos, amizades construídas e perdidas, mudanças de cidade, além de eventos históricos, como as eleições presidenciais, o lançamento de um novo livro de Harry Potter ou o surgimento de Lady Gaga. Tudo isso, por acontecer ao longo de tantos anos e mostrar o crescimento verdadeiro das duas crianças, além do envelhecimento dos pais, faz com que o filme transforme-se num registro incrível e único da passagem do tempo e do crescimento pelo qual todos nós passamos, mesmo que não estejamos preparados para ele. Um filme encantador e emocionante, que fala da vida e apenas isso.
    O mais legal do filme: a história provoca nostalgia, reflexão sobre a vida e uma enorme vontade de recordar nossa infância e adolescência. 


Ficha Técnica
Boyhood (2014)
Direção: Richard Linklater
Elenco: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke, Lorelei Linklater.
Principais premiações: Melhor filme e melhor filme dramático (BAFTA e Globo de Ouro), melhor diretor (BAFTA e Globo de Ouro), melhor atriz coadjuvante para Patrícia Arquette (Oscar, BAFTA e Globo de Ouro)
Duração: 165 minutos
Curiosidade: a atriz que faz o papel de Samantha é filha única do diretor do filme. 


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Seven - Os Sete Crimes Capitais (Seven)

    Depois de assistir a esse filme há alguns dias atrás, fiquei inconformada por ter demorado tanto para fazê-lo. Por isso, se você também ainda não o assistiu, não demore tanto quanto eu.
    O elenco já seria motivo suficiente para despertar o interesse: Morgan Freeman e Brad Pitt são os protagonistas desse suspense e formam uma daquelas duplas peculiares de policiais, um clássico no gênero suspense investigativo. Outro motivo para assistir o longa é o seu diretor, que também goza de boa reputação, David Fincher, que dirigiu, posteriormente, os ótimos "Clube da Luta" (1999), "O Curioso Caso de Benjamin Button" (2008) e "Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres" (2010), entre outros.
    Além das credenciais técnicas, a história do filme é bastante interessante, e apresenta um caso de assassinato em série, gênero de crime que, particularmente, sempre me intriga. Perscrutar, analisar e descobrir os motivos que levam uma pessoa a cometer tal atrocidade é sempre um desafio aterrorizante, e essa possibilidade é explorada inteligentemente nesse filme.
    Aqui há uma lógica nos assassinatos: eles seguem os sete pecados capitais definidos pela Igreja Católica (Gula, Avareza, Preguiça, Luxúria, Orgulho, Inveja e Ira), atingindo pessoas metodicamente escolhidas. O personagem serial killer sociopata responsável pelos crimes é considerado como um dos grandes vilões do cinema e houve um suspense sobre o ator que o encarna antes da estreia do filme: seu nome não aparece nos créditos iniciais nem nos materiais de divulgação, inclusive trailers (e eu mantive o suspense e não inclui o nome do ator na Ficha Técnica abaixo).
    O mais legal do filme: o final. Deve-se estar preparado.

Trailer

Ficha Técnica
Seven (1995)
Direção: David Fincher
Elenco: Morgan Freeman, Brad Pitt, Gwyneth Paltrow
Duração: 130 minutos
 

domingo, 31 de agosto de 2014

A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars)

    "Só tem uma coisa pior nesse mundo que bater as botas aos dezesseis anos por causa de um câncer: ter um filho que bate as botas por causa de um câncer." Essa é uma das frases que Hazel Grace, personagem principal da história adaptada do livro best-seller de John Green, profere logo no início do filme, e uma das mais marcantes para mim. Simboliza bem dois dos pilares da história, quais sejam: a relação de Hazel com sua mãe, que tenta melhorar sua vida de todas as formas possíveis; e sua relação com a doença, um desgosto conformado.
    Hazel é uma adolescente de dezesseis anos, diagnosticada aos treze com câncer de tireoide. Seus pulmões afetados pela doença fazem com que ela tenha que carregar um cilindro de oxigênio para poder respirar. Em um grupo de apoio ela conhece Augustus waters, um ano mais velho do que ela, com rosto de galã e uma perna amputada em decorrência de um câncer nos ossos. Após certa relutância, Hazel passa a aprender com Augustus a lidar com sua doença com um pouco mais de humor e de esperança.
     Este é, sem dúvida, um romance adolescente, porém um pouco diverso dos demais. Um casal com uma perna a menos e duas cânulas no nariz a mais é, sem dúvida, um casal fora do modelo adolescente de Hollywood. Além disso, sabe-se que as coisas podem não dar certo no fim, não porque um dos dois vai ser infiel, querer ficar com outras pessoas ou ser alvo de um mal-entendido, mas sim porque a doença pode levá-los a óbito.
    O mais legal do filme: a mensagem passada para os adolescentes: nossas imperfeições e problemas não impedem o surgimento do amor.


Ficha Técnica
The Fault In Our Stars (2014)
Direção: Josh Boone
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Laura Dern, Willen Dafoe, Nat Wolff, Sam Trammel.
Duração: 125 minutos


A Ponte (The Bridge)

    
    A ponte Golden Gate é um dos cartões postais mais famosos dos Estados Unidos, uma construção já considerada como uma das sete maravilhas da engenharia no mundo, e um dos locais mais visitados no estado da Califórnia. Ela liga a metrópole de São Francisco à cidade de Sausalito, tem quase 70 metros de altura em relação ao mar e dois quilômetros de extensão em suspensão. Mas para além da beleza e das proporções espantosas, a ponte esconde um drama: é o segundo local mais escolhido no mundo para cometer suicídio.
    Ao longo do ano de 2004, a equipe do filme, através de câmeras instaladas em vários pontos diferentes, funcionando diariamente, registrou 23 suicídios, dos 24 que ocorreram naquele ano, além de diversas tentativas de suicídios não concretizadas. Além dessas imagens, que perturbam e emocionam, a equipe entrevistou familiares e amigos de algumas das pessoas que foram registradas em seus últimos momentos de vida, ajudando a contar suas histórias e a tentar entender os motivos pelos quais tomaram essa decisão.
    A mim foi impossível não sentir uma profunda tristeza, um sentimento de vazio perante à frágil racionalidade da vida, e até uma admiração por essas pessoas: elas sentiram algo que a maioria de nós jamais será capaz de sentir ou de compreender.
    O mais legal do filme: é um filme bonito sobre um assunto doloroso. O suicídio foi abordado de forma a não condenar ou culpar ninguém. As pessoas mostradas foram tratadas com respeito, assim como sua decisão. Uma das entrevistas, com os pais de um jovem que saltou da ponte, me tocou profundamente: eles compreenderam que, para o filho, saltar era libertar-se.
OBS: Há dois meses, foi aprovada pela autoridade responsável a construção de uma rede de proteção para evitar suicídios. Fiquei feliz com a notícia.

Trailer
Filme completo legendado
Site oficial

Ficha Técnica
The Bridge (2006)
Direção: Eric Steel
Inspirado no artigo "Jumpers", escrito por Ted Friend, publicado na revista The New Yorker em 2003.
Duração: 95 minutos

    

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O Que Os Homens Falam (Una Pistola En Cada Mano)

    Estamos carecas de ouvir aqueles ditados dizendo "Todo homem pensa...", "Toda mulher sonha...", "Os homens são muito...", "As mulheres odeiam...", como se homens e mulheres fossem todos iguais apenas por terem determinado gênero. Um destes ditados diz que homens não sabem se expressar e que não falam sobre seus sentimentos com os amigos. Será verdade? Será que todos os homens são assim? E ainda, será que os homens querem ser vistos desta forma?
    Esta comédia espanhola, que só por ter o fantástico Ricardo Darín no elenco já vale a ida ao cinema, aborda sentimentos e fragilidades masculinos, e como os homens os expressam, com diálogos inteligentes e engraçadíssimos. Em situações inusitadas, os oito personagens quarentões desse filme ou falam demais, ou falam de menos.
     A obra é composta por várias histórias independentes, contadas em cenas que duram, em média, quinze minutos. Quinze minutos de diálogo e o tempo passa voando! Tanto os diálogos entre homens, quanto os diálogos com mulheres, demonstram que os homens muitas vezes não falam sobre seus problemas por vergonha ou por não terem sido acostumados a fazê-lo, e que outros têm buscado aprender a falar, motivados ou não por suas companheiras. As mulheres do filme, aliás, são a personificação da praticidade, característica geralmente associada ao estereótipo masculino. São elas que demonstram aos homens, perdidos em suas crises de meia-idade, que a vida só é complicada para quem a complica.
    O mais legal do filme: Há cenas realmente hilárias, mas se eu pudesse escolher uma pra assistir novamente, seria esta da foto que ilustra o post. É a melhor!


Ficha Técnica
Una Pistola En Cada Mano (2012)
Direção: Cesc Gay
Elenco: Ricardo Darín, Javier Cámara, Candela Peña, etc.
Duração: 95 minutos

quarta-feira, 9 de julho de 2014

10 Anos de Pura Amizade (10 Years)

    Um filme que se passa em apenas uma noite: já começo gostando! Trata-se de um reencontro de uma turma de Ensino Médio, dez anos após a formatura. Uma comissão cria a festa e convida a todos para a noite em que vão se reencontrar, conversar, apresentar suas famílias, relembrar histórias e exibir suas conquistas pessoais ou tentar esconder seus fracassos. Enquadra-se naquela categoria de filmes bacanas que mostram um grupo de amigos levando a vida com tropeços e acertos.
    Há seis histórias principais sendo contadas enquanto os ex-colegas vão se encontrando e demonstrando como passaram seus últimos anos. Casamentos iniciando e outros falindo, antigos namorados, conquista da fama, fracassos amorosos, perda da popularidade que havia na escola e mudanças radicais de personalidade são alguns dos assuntos trazidos à tona pelo filme, leve, divertido, e simultaneamente, com profundidade suficiente pra fazer quem assiste refletir sobre sua própria história escolar e a jornada traçada por si e por seus amigos após a formatura.
    Destaque para duas das histórias: uma delas mostra Reeves, um músico que alcançou a fama com a música "Never Had", e Elise, garota que lembrava-se dele vagamente, mas que teve grande importância em sua vida; a outra refere-se a Anna, garota muito popular na época da escola, que com a ajuda involuntária de Marty e AJ, consegue superar as mudanças fundamentais que ocorreram em sua vida.
    O mais legal do filme: o ator que interpreta o cantor Reeves, Oscar Isaac, é realmente músico e protagoniza, cantando, a cena mais bonita do filme. 


Ficha Técnica
10 Years (2011)
Direção: Jamie Linden
Elenco: Channing Tatum, Jenna Dewan, Rosario Dawson, Oscar Isaac, Kate Mara, Justin Long, Chris Pratt, etc.
Duração: 100 minutos 

sábado, 24 de maio de 2014

Histórias de Amor (Liberal Arts)

    Apaixonei-me perdidamente por este filme! Fui atraída para ele por causa do ator e diretor, Josh Radnor, protagonista da série "How I Met Your Mother", da qual eu gosto muito. Não tinha muitas pretensões, mas pelo trailer, parecia ser um filme leve e interessante. Minhas expectativas foram superadas ao ver tantas coisas que eu amo presentes no roteiro: Teatro, Música Clássica, os campi de universidades antigas, discussões sobre ideias e sentimentos e, principalmente, livros, todos em cenas entregues em uma bandeja reluzente ao público, cheias de beleza, sutileza e contemplação. 
    O título original do filme menciona um formato de ensino superior bastante presente na tradição educacional da América Anglo-Saxônica, os bacharelados em Artes Liberais, que seriam estudos mais filosóficos, voltados para o desenvolvimento da intelectualidade, da lógica, do conhecimento das humanidades e das artes; um estudo que se contrapõe aos cursos superiores focados na parte técnica ou mecânica da sociedade, que objetivam a preparação para produção de materiais utilitários para o cotidiano. Já o título em português deve referir-se às histórias de amor pelo ensino, pelas artes e pelo passado, pois amor romântico, naquele formato já conhecido dos filmes de romance, há pouco.
    Temos como protagonistas Jesse, um homem de 35 anos que graduou-se em Artes Liberais, viciado em Literatura, que sente muita saudade da vida na universidade; Zibby, uma jovem de 19 anos, que está no segundo ano de Teatro e História da Arte na mesma faculdade; e o próprio campus da Ohio University, cheio de gramados verdes e prédios antigos, que apresenta ainda mais três personagens que enriquecem a trama.
    O mais legal do filme: Jesse e Zibby trocam cartas, em pleno ano de 2012!


Ficha Técnica
Liberal Arts (2012)
Direção: Josh Radnor
Elenco: Josh Radnor, Elizabeth Olsen, Richard Jenkins, Allison Janney, John Magaro, Elizabeth Reaser, Zac Efron
Duração: 97 minutos

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes)

    Existe um teste sobre filmes conhecido como "Bechdel Test", originado de um quadrinho da cartunista americana Alison Bechdel. Ele tem o objetivo de analisar a presença de personagens femininas no mundo cinematográfico e a sua relevância nas histórias dos filmes. Para que um filme passe no teste você deve responder "sim" a três questões sobre ele: existem pelo menos duas personagens femininas com nome no filme? elas conversam entre si? essas conversas são sobre outras coisas a não ser homens?  
    Uma rápida análise dos filmes que entraram no circuito comercial nos últimos anos demonstra que a proporção de filmes que não passam no teste é enorme. Por isso, e por milhares de outros motivos, é que este filme é espetacular! Ele não apresenta apenas duas personagens femininas fantásticas, mas quatro! E há ainda uma quinta personagem que ao final do filme se mostra importantíssima para a história...
    Evelyn Couch é uma dona de casa deprimida e solitária, que tenta de tudo para agradar o marido, sem obter sucesso. Em uma visita a uma parente num asilo, ela conhece Ninny Threadgoode, uma senhora alegre e dona de uma ótima memória. Elas, aos poucos, se tornam amigas e Ninny passa a contar a linda e peculiar história de Idge e Ruth, duas jovens mulheres independentes que enfrentaram o racismo e o machismo da sociedade sulista dos anos de 1930 e 40 e envolveram-se no misterioso caso do desaparecimento de um homem.
    O mais legal do filme: além da delicadeza na direção e da belíssima atuação das quatro atrizes, a liberdade dada à nossa imaginação, principalmente em dois aspectos que não são declarados, possibilitando imaginar e entender os detalhes do nosso jeito.

Trailer
Filme completo no youtube

Ficha Técnica
Fried Green Tomatoes (1991)
Direção: Jon Avnet
Elenco: Kathy Bates, Jessica Tandy, Mary Stuart Masterson, Mary-Louise Parker, Cicely Tyson, Stan Shaw
Duração: 130 minutos
    
    

domingo, 30 de março de 2014

Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs)

    Você certamente já conhece a história desse filme. Um homem do tipo conquistador, com dificuldades para expressar seus sentimentos e pouco auto-conhecimento, que não se apega a nada nem a ninguém, conhece uma mulher por um acaso. Com ela, tudo é diferente, e ele se apaixona. Mas essa mulher não pode ter um relacionamento e precisa mantê-lo a uma distância segura para não sofrer.
    Essa é uma trama bastante repetida em Hollywood. Há muitos filmes do tipo, em que uma mulher ajuda um homem a amadurecer, se encontrar, ser uma pessoa melhor. Mas por mais que apresente esta fórmula já conhecida, o filme aborda também outros dois assuntos que eu ainda não havia visto neste gênero: o absurdo funcionamento da Indústria Farmacêutica e o Mal de Parkinson. Jamie Randall (personagem inspirado em Jamie Reidy)é um representante comercial da Pfizer, um dos grandes laboratórios do mercado. Maggie Murdock é uma mulher de 26 anos com Mal de Parkinson, uma doença degenerativa do Sistema Nervoso Central. Eles iniciam um relacionamento com a promessa de que não haverá nada além de sexo casual. Mas os sentimentos, claro, acabam fugindo ao controle dos dois.
    Acho que é um mérito deste filme abordar dois temas que, provavelmente, sejam desconhecidos da maior parte do público ao qual ele é direcionado. E não posso deixar de comentar também o fato de que, segundo meus conceitos, conseguiram criar o casal  cinematográfico mais bonito dos últimos tempos.
    O mais legal do filme: mostra, ainda que humoristicamente, os esquemas nojentos entre laboratórios e médicos e ilumina nossa visão sobre o Parkinson com leveza e beleza.

Trailer

Ficha Técnica
Love and Other Drugs (2010)
Direção: Edward Zwick
Elenco: Jake Gyllenhaal, Anne Hathaway, Josh Gad, Oliver Platt, Hank Azaria, Gabriel Macht
Duração: 113 minutos

terça-feira, 18 de março de 2014

O Homem Que Fazia Chover (The Rainmaker)


       Dirigido por Francis Ford Coppola e estrelado por um grande elenco, este ótimo filme tem os tribunais como cenário. Aqui conhecemos o jovem e recém formado (e carismático) advogado Rudy Baylor, que no início da trama se vê obrigado financeiramente a trabalhar em um escritório mercenário, de advogados que ficam à espreita nos hospitais, aliciando pacientes, clientes em potencial. Rudy, porém, é um rapaz idealista, que pretende ajudar as pessoas com sua profissão. 
    No momento de sua contratação, ele já tem dois clientes: Miss Birdie, uma idosa solitária, que pretende ajustar os beneficiários de seu testamento de uma forma bastante peculiar; e os Black, uma família bastante problemática em processo contra o seu plano de saúde, já reconhecido por sua renomada equipe de advogados que ganham todas as causas levadas à justiça. O processo ocorreu em função das inúmeras negativas de cobertura do transplante de medula que Donny Ray Black, o filho do casal, necessitava, em função de sua leucemia, já em estágio avançado. Quando está no hospital procurando clientes e estudando o caso de Donny ray, Rudy conhece Kelly Riker, uma mulher que é espancada constantemente pelo marido.
    O mais legal do filme: Traz a tona duas discussões bastante salientes atualmente, quais sejam, o ideal de justiça de certos profissionais ligados ao direito em oposição ao exercício da profissão de forma puramente econômica e, muitas vezes, corrupta, e as imensas falhas estruturais nos planos de saúde, que oferecem uma série de empecilhos para dar cobertura médica quando os usuários mais precisam, sempre tendo como prioridade a economia de verba, em detrimento da saúde das pessoas.

Trailer

Ficha Técnica
The Rainmaker (1997)
Direção: Francis Ford Coppola
Elenco: Matt Damon, Jon Voight, Danny DeVito, Claire Danes, Danny Glover, Virgina Madsen
Duração: 135 minutos
    

domingo, 16 de março de 2014

Miss Representation

    Miss Representation é um documentário dirigido por Jennifer Siebel, uma atriz e, a partir deste, diretora dos Estados Unidos. O título do filme, sem tradução oficial em português, é um trocadilho com a palavra "miss": ela significa falta de alguma coisa (neste caso, falta de representação), mas também é a alcunha das vencedoras dos repetitivos concursos de beleza que ocorrem mundialmente. Jennifer justifica a realização do documentário com o nascimento de sua primeira filha, Montana. Ela diz que, a partir disto, começou realmente a refletir sobre as armadilhas sexistas em que ela própria havia caído, como mulher e como atriz.
    O documentário mostra o grande poder da mídia para a construção das identidades de meninos e meninas, apesar de o foco estar na imagem destas últimas. A situação analisada refere-se aos E.U.A., mas pode facilmente ser estendida a outros países, incluindo o Brasil, que copia da América do Norte a maioria de sua produção midiática. Para essa análise, faz uso de estatísticas, entrevistas com figuras políticas, atrizes, diretoras e roteiristas e estudantes do Ensino Médio, e ainda apresenta imagens veiculadas pela Indústria Cultural, o que inclui publicidade, filmes, games, noticiários, etc.
    Logo no início recebemos a informação de que os jovens passam em média 11 horas por dia conectados a algum tipo de mídia, incluindo mídia impressa, televisiva e virtual. Como negar o poder de influência da mídia na construção de nossa sociedade, se os futuros adultos passam mais tempo com a mídia do que em qualquer outro espaço?
    O mais legal do filme: ao final são sugeridas diversas ações que cada um pode ter para modificar esse cenário injusto e nocivo.

Trailer
Filme completo legendado

Ficha Técnica
Miss Representation (2011)
Direção: Jennifer Siebel Newson
Entrevistas: Jane Fonda (atriz), Geena Davis (atriz), Condoleezza Rice (Secretária de Estado), Katie Couric (âncora de telejornal), etc.
Duração: 86 minutos
  

domingo, 23 de fevereiro de 2014

12 Anos De Escravidão (12 Years A Slave)

    Solomon Northup é um violinista casado, pai de um casal de filhos, residente de Nova York, E.U.A, vivendo o ano de 1841. É negro em um país onde a escravidão de afro-americanos não é apenas legítima, como amplamente difundida nos estados do Sul, mas livre, sustentando-se como músico animador de bailes da elite da sociedade local.
    Certo dia, dois homens lhe são apresentados. Estes lhe oferecem um trabalho temporário como músico em um espetáculo que estavam a promover em Washington. Solomon aceita o convite e é levado até a cidade. O golpe praticado pela dupla é revelado quando o violinista acorda acorrentado em um cativeiro. Dali, juntamente com outras cinco pessoas, é levado para um navio rumo a um mercado de escravos na Louisiana.
    Baseado em uma história real, contada em livro autobiográfico homônimo lançado em 1853, o filme tem uma das cenas mais angustiantes a que já assisti. O desconforto dos espectadores no cinema, não apenas nesta cena, como em todas as outras que revelam o sadismo e a perversidade de um sistema que, incrivelmente, sustentou-se durante tanto tempo, defendido por tantas pessoas, é facilmente perceptível. Como não sair do cinema perturbado após ter os sentidos inundados pelas atrocidades que criaturas de nossa mesma espécie foram capazes de cometer?
    Atuações extraordinárias e uma trilha sonora intensa contam uma história que todos devem conhecer.
    O mais legal do filme: Há uma cena belíssima e, ao mesmo tempo, extremamente dolorosa: um grupo de escravos canta "Roll Jordan Roll", canção negro spiritual.

Trailer

Ficha Técnica
12 Years A Slave (2013)
Direção: Steve McQueen
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o, Paul Dano, Brad Pitt, Sarah Paulson, Benedict Cumberbatch
Principais premiações: Filme e Filme Drama (Oscar, BAFTA e Globo de Ouro), Ator para Chiwetel Ejiofor (BAFTA), Atriz Coadjuvante para Lupita Nyong'o (Oscar)
Duração: 133 minutos

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Menina Que Roubava Livros (The Book Thief)

    Este é mais um filme, entre os outros tantos lançamentos do cinema, que traz a adaptação de uma obra literária para a sétima arte. Sobre este assunto, há uma série de quatro vídeos chamada "Everything is a Remix", lançada há poucos anos por Kirby Ferguson. Segundo ele, dos dez filmes que mais arrecadaram em cada um dos últimos dez anos, 74 de 100 são sequências, refilmagens ou adaptações de livros, quadrinhos e games.
    Adaptações de livros para filmes sempre trazem consigo algumas sensações inevitáveis, ao menos para mim. Se primeiro assisto a adaptação e depois leio o livro, durante a leitura, trago sempre ao pensamento a imagem dos atores e dos cenários escolhidos para o filme. Minha leitura fica condicionada àquela realizada pela equipe que lançou a adaptação. A imaginação, assim, perde um pouco seu espaço. Ao contrário, se primeiro leio o livro e depois, geralmente ansiosa, assisto a adaptação, não consigo ver o filme como uma obra independente. Fico procurando as semelhanças e as diferenças entre as histórias.
    No caso deste filme, adaptação do livro homônimo de Marcus Zusak, um dos melhores que li nos últimos tempos, a atuação do elenco encaixou-se perfeitamente no modelo que a minha imaginação tinha criado para os personagens. Liesel Meminger é uma garotinha que, no início da história, é separada de sua mãe e levada para o casal Huberman, durante o governo Nazista na Alemanha. Ela, que inicialmente não sabia ler, acaba transformando a paixão pelas palavras em fonte de vida.
    O mais legal do filme: a relação belíssima de Liesel com seu pai adotivo, Hans Huberman, que desde o início tenta dar à garota pequenas doses de esperança a cada dia.

Trailer

Ficha Técnica
The Book Thief (2013)
Direção: Brian Percival
Elenco: Sophie Nélisse, Geoffrey Rush, Emily Watson, Nico Liersch, Ben Schnetzer
Duração: 131 minutos