segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Millennium III: A Rainha do Castelo de Ar (Luftslottet Som Sprängdes)

    O título do último filme da trilogia Millennium, como é bastante comum, foi traduzido para o português sem fidelidade ao título original. A tradução literal para ele seria "O Castelo de Ar que Explodiu". A frase claramente faz referência ao esquema mantido por um grupo dentro do governo, do qual Lisbeth Salander foi vítima desde a infância, que é desvendado graças à ajuda dos amigos que ela parece não acreditar que tem. O castelo de ar construído durante décadas finalmente explode, libertando sua principal prisioneira.
    Após o confronto ocorrido no final do segundo filme, Lisbeth e Alexander Zalachenko, seu pai, estão internados no mesmo hospital, em recuperação. Lisbeth está sendo acusada pela tentativa de assassinato de seu pai, e Zala está na mira da organização da qual participa, pois tem muitas informações que não podem vir à tona. Enquanto isso, Mikael Blomkvist e a equipe da Millennium tentam descobrir todos os nomes desse grupo secreto para denunciá-los à sociedade e salvar Lisbeth da cadeia e da tutela do estado. 
    A trilogia Millennium, para além de sua grande qualidade enquanto entretenimento, tem como mérito provocar algumas reflexões acerca de uma sociedade a qual, mesmo não conhecendo muito, tomamos como exemplo de civilidade, retidão e idoneidade política. O autor da trilogia foi um jornalista que dedicou a vida a fazer denúncias sobre a administração de seu país, e certamente não foi à toa que decidiu escrever uma história sobre personagens corruptos e cruéis escondidos sob a imagem do governo de uma nação acima de qualquer suspeita.
    O mais legal do filme: a própria investigação, que cativa a atenção do início ao fim.

Trailer

Ficha Técnica
Luftslottet Som Sprängdes (2009)
Direção: Daniel Alfredson
Elenco: Noomi Rapace, Michael Nyqvist, Lena Endre, Annika Hallin, Anders Ahlbom, Sofia Ledarp, Jacob Ericksson
Duração: 141 minutos

domingo, 29 de dezembro de 2013

Millennium II: A Menina Que Brincava Com Fogo (Flickan Som Lekte Med Elden)

    Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium, foi um jornalista sueco militante dos direitos humanos que escrevia sobre o fascismo e a extrema direita presentes na política de seu país. Aos quinze anos, presenciou um estupro coletivo de uma garota a qual ele não ajudou. Trinta anos depois, sua trilogia literária foi lançada, postumamente. Os dois personagens principais: uma garota aparentemente frágil que sofre abusos de homens, e instituições controladas por eles, mas que usa sua inteligência e habilidade para se vingar, e um jornalista que utiliza seu veículo de comunicação para denunciar o lado podre do cenário político sueco.
    Claramente, Larsson utilizou a literatura para denunciar, uma vez mais, a corrupção em seu país e a violência praticada contra as mulheres nas mais variadas instâncias da sociedade. Mikael Blomkvist, o jornalista da história, pode ser visto como um lado autobiográfico de Larsson. Já Lisbeth Salander, a personagem central da história, pode ser interpretada como uma forma do autor expiar sua culpa e exprimir seus sentimentos sobre o estupro ocorrido décadas atrás: Lisbeth sofre, mas pune seus agressores e tenta se vingar dos homens que odeiam as mulheres.
    Neste segundo filme da trilogia, a revista Millennium está investigando as organizações por trás do tráfico de mulheres do Leste Europeu, obrigadas a prostituirem-se na Suécia. Mas a investigação é interrompida quando ocorrem três assassinatos cuja principal suspeita é Lisbeth, que ficou um ano sem dar notícias após o final do primeiro filme.
    O mais legal do filme: A cena dos motoqueiros. Acho que toda mulher gostaria de ser Lisbeth naquele momento.

Trailer

Ficha Técnica
Flickan Som Lekte Med Elden (2009)
Direção: Daniel Alfredson
Elenco: Noomi Rapace, Michael Nyqvist, Lena Endre, Yasmine Garbi, Micke Spreitz, Johan Klyén
Duração: 124 minutos

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Millennium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (The Girl With The Dragon Tattoo)

    Lisbeth Salander é a garota com a tatuagem de dragão do título do filme. Uma jovem andrógina, de ar melancólico e solitário, dona de uma história de vida bastante conturbada, com o corpo coberto de piercings e tatuagens, que está sob tutela do estado desde os 12 anos - o motivo, descobre-se apenas na etapa final do filme. Ela tenta sua independência trabalhando como pesquisadora/hacker de uma empresa de segurança.
    Mikael Blomkvist é um jornalista investigativo dono de uma publicação chamada Millennium. Ele a utiliza para desvendar crimes de corrupção de figuras poderosas do cenário político e econômico da Suécia, país onde se desenrola a história.
    Henrik Vanger, chefe de uma família tradicional que vive em uma ilha do norte gelado do país, contrata a agência em que Lisbeth trabalha para investigar Blomkvist e ela é a responsável por fazer o relatório sobre o jornalista. Henrik tem intenções de contratá-lo para que investigue um crime antigo não solucionado na família: o desaparecimento de Harriet Vanger, sua sobrinha que à época do desaparecimento tinha 16 anos.
    Apenas com uma breve descrição dos personagens, percebe-se o quão rico é este filme. São vários núcleos compondo a história, um mais interessante que o outro. O filme é a 2ª adaptação para o cinema da obra "Män Som Hatar Kvinnor" (Os Homens Que Odeiam As Mulheres), do escritor sueco Stieg Larsson, que faz parte de uma trilogia. Uma adaptação sueca homônima foi lançada dois anos antes, contemplando também os outros dois volumes da trilogia.
    O mais legal do filme: Lisbeth, personagem atípica: uma justiceira contemporânea, nerd e magricela.

Trailer

Ficha Técnica
The Girl With The Dragon Tattoo (2011)
Direção: David Fincher
Elenco: Rooney Mara, Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgard
Duração: 157 minutos
    

domingo, 22 de dezembro de 2013

Anticristo (Antichrist)

    Um filme de cenas perturbadoras e polêmicas, como é de costume na obra de Lars Von Trier, que provocam angústia, medo, dor, fascinação. É aquele tipo de obra que, quando termina, te deixa pensando, tentando interpretar os diálogos, os sentimentos dos personagens e o fechamento da história. E que depois, ao trocar impressões sobre ele com algum amigo, há a percepção de que existem muitas visões diferentes sobre o filme, pois ele tem a característica de estar aberto a essas inúmeras possibilidades de entendimento.
    A história: um casal -sem nome- perdeu seu filho pequeno num (talvez) acidente doméstico. A mulher entra em um estado de depressão profunda. O homem, terapeuta, decide submetê-la a uma cura terapêutica e a leva para uma cabana isolada no meio de uma floresta densa e escura. Ao desenvolver esse tratamento, o homem também inicia uma pesquisa sobre os sentimentos de sua mulher; enquanto isso, ela vai revelando toda a complexidade de sua culpa, dor e de seu desejo sexual.
    Essa história, aparentemente, poderia ser lida como um clichê do cinema: casal perde o filho e tenta lidar com isso. Mas a maneira como é contada faz toda a diferença para a reação das pessoas em relação ao filme: muitos acharam genial, muitos, repugnante. Acho bastante interessante a maneira como o "verdadeiro" tema do filme vai se revelando aos poucos. E acho ainda que o mergulho na mente de um personagem perturbado não pode mesmo ser indolor e fácil. É da escolha do espectador decidir mergulhar ou não.
    O mais legal do filme: o prólogo, de fotografia belíssima em P&B, que conta a história da morte do filho, com trilha sonora de uma ópera de Handel.

Trailer

Ficha técnica
Antichrist (2009)
Direção: Lars Von Trier
Elenco: Charlotte Gainsbourg, Willem Dafoe
Duração: 104 minutos
  


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Serra Pelada

    Uma parte importante da história recente do Brasil é o mote para o filme "Serra Pelada". O maior garimpo a céu aberto do mundo, que dá nome ao filme, causou, no início dos anos 1980, uma corrida ao ouro perpetrada por milhares de garimpeiros vindos de todas as partes do Brasil. O filme recria com louvor o cenário desolador, caótico e inóspito de um garimpo, muitas vezes misturando imagens reais àquelas fictícias.
    Na história conhecemos Joaquim e Juliano, amigos de infância que, após conhecerem o promissor garimpo de Serra Pelada através dos noticiários, partem para o estado do Pará em busca de ouro para melhorar de vida, assim como tantos outros que encontram por lá. Os dois amigos têm personalidades bastante diferentes, e isso lhes trará, no decorrer da história, alguns problemas definitivos para o desfecho de suas trajetórias. Eles iniciam cavando e contratando alguns homens para o seu barranco. Logo no início arranjam problemas: Serra Pelada é uma terra sem lei, onde manda quem tem dinheiro e armas. O sistema corrompe e "piora a gente".
    Algumas imagens do garimpo, uma montanha que se transformou num grande buraco, como é dito por Joaquim, o narrador da história, são realmente impressionantes. O formigueiro constituído por homens, suor, terra, prostíbulos, ganância e tiros causa angústia e insegurança. O roteiro é bom, ágil, e consegue prender a atenção. Há personagens incríveis, como Lindo Rico, um tipo asqueroso, bandido metido a esperto e que está sempre mastigando alguma coisa.
    O mais legal do filme: a recriação de Serra Pelada, baseada em pesquisas históricas, realizada em três diferentes cidades dos estados de São Paulo e Pará.

Trailer

Ficha Técnica
Serra Pelada (2013)
Direção: Heitor Dhalia
Elenco: Júlio Andrade, Juliano Cazarré, Sophie Charlotte, Wagner Moura, Matheus Nachtergaele
Duração: 100 minutos

sábado, 19 de outubro de 2013

Se Beber Não Case! Parte II (The Hangover Part II)

    Pra mim, é difícil enquadrar este filme em algum gênero. Tem um pouco de comédia, mas acho que a intenção é ser um filme de comédia (bem) diferente. Tem um pouco de ação, mas não é ação. E tem drama e tragédia. Ocorre até amputação de dedo. Me diga se isto é um filme de comédia?
    Filmes desse gênero, em que uma sucessão de trapalhadas vão se somando, causando um estrago cada vez maior na vida dos protagonistas, não são novidade. O fato é que nessa franquia as trapalhadas são "barra pesada" e os contraventores da história não são desastrados e engraçados como espera-se de um filme de comédia: eles são reais dentro da ficção. Há a exceção do personagem Chow, que entra para o rol dos bandidos mais bizarros do cinema.
    Novamente vivenciando os preparativos de um casamento, dessa vez de Stu, os personagens que conhecemos na parte 1 vão a Tailândia para a cerimônia. Na noite anterior, resolvem tomar um último drink na praia, para comemorar de forma mais segura e inocente. Depois da pequena reunião, a cena seguinte nos leva a um quartinho imundo de hotel em Bangkok, onde os três acordam: um homem a menos; um macaco, uma tatuagem e um dedo a mais. O desaparecido é o irmão prodígio da noiva, orgulho do pai que odeia Stu. Eles saem, então, à procura do garoto, tentando descobrir o que aconteceu desta vez.
    O mais legal do filme: a canção cantada por Stu, perto do final do filme. É a cena mais engraçada!

Trailer

Ficha Técnica
The Hangover Part II (2011)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong
Duração: 102 minutos

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Jobs

    A realização de um filme biográfico tem um grande poder inerente: o de influenciar a visão de uma audiência enorme de pessoas sobre determinada personalidade. A maneira como o roteiro é construído, o destaque que é dado a determinados fatos em detrimento de outros, a edição, a atuação do elenco, além de inúmeros outros fatores contribuem para a nossa interpretação da vida de pessoas reais que acabam sendo transformadas em personagens de filme. Uma vida resumida em duas horas? Impossível não cair em clichês e descontinuidades.
    Assim é o filme em questão, que conta a vida de Steven Jobs, co-fundador, diretor e visionário da Apple, atualmente uma das empresas de maior importância e reputação na área de tecnologia do mundo. A história começa no fim, com Jobs já velho e debilitado (em função do câncer que o levou ao óbito em 2011), lançando o iPod frente a uma plateia encantada. Depois há um salto ao passado, nos anos 1970, onde vemos Steve na faculdade que já havia largado, cheio de ideias e aspirações e a partir daí a história transcorre.
    O filme enfatiza duas vertentes de Jobs: gênio e cretino. Tinha uma habilidade enorme de criar e estimular a criação, negociar, falar a um coletivo, mas era péssimo nas relações pessoais, dando mais importância às suas criações e projetos do que às pessoas e aos amigos. Seu parceiro na fundação da Apple, Steve Woz, disse que o filme não representa bem a realidade, mas fazendo uma breve pesquisa sobre Jobs, dá pra concluir que como ser humano, ele era um ótimo idealizador de máquinas.
    O mais legal do filme: ver o processo de surgimento da Apple e dos computadores pessoais.

Trailer

Ficha Técnica
Jobs (2013)
Direção: Joshua Michael Stern
Elenco: Ashton Kutcher, Josh Gad, Dermot Mulroney, Lukas Haas, Matthew Modine, J. K. Simmons
Duração: 127 minutos

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Toda Forma de Amor (Beginners)

     Este belo filme conta a história de Oliver, um artista gráfico solitário que acaba de perder o pai, Hal, vitimado por um câncer. Quatro anos antes de morrer e logo após ficar viúvo, Hal revelou ao filho que era homossexual. A morte da mãe, essa revelação e o posterior adoecimento do pai, levam Oliver a refletir sobre relacionamentos, escolhas, amor, tristeza, sobre a vida de forma geral. Constantemente somos reportados à convivência com seu pai e seu namorado mais novo, após a descoberta da doença, e à sua infância, momentos em que, junto com o personagem, fazemos análises do cotidiano de seus pais e de como a relação deles influenciou a sua forma de enxergar a vida e as pessoas.
    Imerso na tristeza provocada por todos estes acontecimentos, que acabam afetando seu processo criativo de uma forma bastante interessante, nada nem ninguém são capazes de animá-lo. Até que conhece Anna, uma moça inicialmente misteriosa, que compreende seus dramas instantaneamente. Os dois acabam iniciando um relacionamento que parece fazê-los perceber que, independentemente da idade que se tem, das experiências que se teve ou do que a vida ensinou, quando se trata de relacionar-se com as pessoas, todos são iniciantes (como diz o título original do filme) descobrindo novas formas de ser e fazer.
    O filme tem um jogo temporal bem construído: momentos diferentes da vida de Oliver vem à tona a cada momento para nos ajudar a compreender sua história. Ele mesmo faz análises sensíveis sobre a passagem do tempo na sociedade e na vida das pessoas.
    O mais legal do filme: os personagens, incluindo o cachorro, são um melhor que o outro.

Trailer

Ficha Técnica
Beginners (2010)
Direção: Mike Mills
Elenco: Ewan McGregor, Cristopher Plummer, Mélanie Laurent, Goran Visnjic
Principais premiações: Ator Coadjuvante para Cristopher Plummer (Oscar)
Duração: 105 minutos

domingo, 29 de setembro de 2013

O Tempo e o Vento

    Sempre há riscos ao adaptar a história de um livro para o cinema. A complexidade da história e a riqueza dos personagens geralmente fica comprometida e dificilmente conseguimos separar as duas obras. Mais perigoso ainda é adaptar um livro de grande importância literária para o cinema. A saga "O Tempo e o Vento", que conta a história do Rio Grande do Sul através da família Terra Cambará, dividida em sete livros e obra-prima de Erico Verissimo (um dos meus escritores favoritos), é uma obra de grande importância literária. A adaptação, em minha visão, falhou grandemente, muito mais do que se poderia esperar.
    A impressão que tive ao assistir o filme: estou vendo uma minissérie "açucarada" da Rede Globo. Muitos suspiros, olhares que não dizem nada, clichês. Ana Terra, personagem importantíssima da literatura brasileira, foi vergonhosamente interpretada, sem nada da força que deveria mostrar, e muitas caras e bocas forçosamente sensuais. Nada convincente. Poucas cenas de "peleia". Pouca emoção. Pouco vento.
    Os personagens Bibiana e Capitão Rodrigo, este presente na imaginação dela, são os que nos conduzem através da história da família e, de certa forma, salvam o filme de um desastre maior. Ainda destaco o fato de que apenas a primeira parte da história foi contada. O título "O Continente" seria mais propício, ao invés do nome completo da saga, pois o filme mostra apenas este primeiro volume (os outros dois volumes do livro são "O Retrato" e "O Arquipélago").
    O mais legal do filme: a probabilidade de que mais pessoas venham a ler a obra de Erico.

Trailer

Ficha Técnica
O Tempo e o Vento (2013)
Direção: Jayme Monjardim
Elenco: Thiago Lacerda, Fernanda Montenegro, Cléo Pires, Marjorie Estiano, Paulo Goulart
Duração: 127 minutos

sábado, 28 de setembro de 2013

O Artista (The Artist)

    Um filme mudo em preto e branco lançado em 2011 que aborda a transição do cinema mudo para o cinema falado. No mínimo um filme diferente entre os tantos outros produzidos no mesmo ano. Pode ser considerado uma obra que utiliza a metanarrativa, já que fala sobre o cinema mudo e é um filme mudo, feito fora de sua época.
    Trata-se da história de George Valentin, um ator muito famoso em Hollywood no final da década de 1920, momento em que o cinema estava em alta. Ele conhece por um acaso uma moça ousada chamada Peppy Miller, que deslumbrada com seus 15 segundos de fama, resolve tentar alguma coisa no mundo cinematográfico. Eles se encontram novamente nos bastidores e Valentin resolve ajudá-la, pois fica encantado com Peppy. E enquanto ela vai ascendendo na carreira, ele depara-se com a transformação decisiva do cinema mudo para o cinema com som, repudiando esse novo formato e entrando em decadência.
       Além do mérito de homenagear o cinema antigo, trazendo ao público uma linguagem cinematográfica à qual não estamos habituados, o filme também consegue criar não um, mas três personagens extremamente carismáticos: os dois protagonistas e o cachorrinho de estimação de Valentin, atrativo à parte na história. A carga dramática e a veia cômica, que não poderiam faltar em um filme mudo característico, estão presentes e bem representadas. Depois de assisti-lo, consegue-se entender porque agradou tanto a todos. É um filme belo e encantador.
    O mais legal do filme: o despertar do desejo de assistir a filmes antigos "de verdade".

Trailer

Ficha Técnica
The Artist (2011)
Direção: Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, Penelope Ann Miller
Principais premiações: Filme (Oscar, Globo de Ouro, Bafta, César), Direção (Oscar, Bafta), Ator para Jean Dujardin (Oscar, Globo de Ouro, Bafta), Atriz para Bérénice Bejo (César), Trilha Sonora (Oscar, Globo de Ouro, Bafta), Roteiro Original (Bafta).
Duração: 100 minutos

domingo, 15 de setembro de 2013

Se Beber, Não Case! (The Hangover)

    Um belo filme em homenagem à Lei de Murphy: tudo que poderia dar errado numa despedida de solteiro em Las Vegas, da pior forma possível.
    Um quarteto composto por um bonitão irresponsável, um "nerd" dominado pela mulher, o noivo e o irmão biruta da noiva, vai a Las Vegas para uma despedida de solteiro inesquecível. Mas o evento acaba se tornando uma sucessão de mancadas que tem como consequência o desaparecimento do noivo. Os três padrinhos acordam no quarto luxuoso do hotel que haviam alugado, após a noite de festa que não é mostrada, e deparam-se com várias coisas fora do lugar, um bebê e um tigre estão a lhes fazer companhia e o noivo está sumido. Eles então começam uma busca pelo amigo e por respostas para as bizarrices que vão encontrando pelo caminho.
    A história do filme é muito boa. Ela tem o mérito de despertar a nossa curiosidade quanto aos fatos estranhíssimos que vão acontecendo e somando-se no decorrer da trama. Algumas respostas, porém, são menos criativas do que poderiam ser, como a história do tigre. Posso usar este filme como exemplo para falar sobre o quanto as expectativas que criamos sobre um filme (ou qualquer coisa na vida) quando ouvimos a respeito dele podem tornar-se inatingíveis, dependendo de como as informações chegam até nós. Falaram-me tão bem a respeito, que acabei me decepcionando um pouco. O filme é bom, mas eu esperava rir bem mais.
    O mais legal do filme: a resolução do caso do desaparecimento do noivo. E a cena do "porta-malas surpresa"!

Trailer

Ficha Técnica
The Hangover (2009)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zack Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham
Duração: 90 minutos 

domingo, 8 de setembro de 2013

Melancolia (Melancholia)


    "Melancolia" é um filme sobre uma temática bastante conhecida no cinema, mas abordada de uma forma totalmente diferente. O possível fim do mundo se aproxima, mas não há invasões alienígenas, criaturas quase indestrutíveis, pragas ou catástrofes naturais como terremotos e tsunamis. A causa do fim da humanidade poderá ser um planeta denominado Melancolia, que se aproxima da Terra com chances de um choque arrasador.
     Há uma estética diferenciada, apegada ao detalhe, à composição belíssima de cores e luzes e a um ritmo de filmagem muito peculiar em todo o filme. Todos esses aspectos convergem para criar uma sensação que combina com o estado de espírito dos personagens frente a um acontecimento inédito e desconhecido, prestes a ocorrer.
    O filme é dividido em duas partes, estrutura comum na obra de Lars Von Trier, diretor dinamarquês controverso e original. Na primeira parte conhecemos Justine em seu casamento, numa festa muito requintada na casa de sua irmã Claire. Esta dá nome à segunda parte do filme, quando as relações e emoções dos personagens diante do planeta Melancolia ficam mais aparentes.
    Há que se aproveitar cada segundo assistindo. Logo que termina surge a vontade de ver de novo pra perceber novos aspectos e entrelinhas. Sentimentos, os mais variados, serão despertados: admiração, tristeza, e claro, uma melancolia reflexiva e arrebatadora, que me fez ter sonhos durante todo o sono da noite posterior à apreciação do filme.
    O mais legal do filme: as cenas iniciais, quadros vivos perturbadores e fascinantes.

Trailer (site oficial)

Ficha Técnica
Melancholia (2011)
Direção: Lars Von Trier
Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland
Principais premiações: Filme (Prêmios do Cinema Europeu), Atriz para Kirsten Dunst (Cannes)
Duração: 130 minutos
    

sábado, 31 de agosto de 2013

Tese Sobre Um Homicídio (Tesis Sobre Um Homicídio)

    Na Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires leciona Roberto Bermudez, um professor de direito muito conceituado e um tanto solitário, que está iniciando um curso de pós-graduação para poucos alunos. Um desses alunos é Gonzalo, filho de um antigo amigo (ou ex-amigo; isto não fica bem claro no filme) de seu professor, que não esconde sua admiração por Roberto. Durante uma das aulas, um crime ocorre no estacionamento do belo prédio da faculdade. O estupro e assassinato de uma jovem praticamente em sua frente, como ele mesmo fala, deixam Roberto impactado. Ele inicia então uma investigação pessoal sobre o caso, e acaba tendo como principal suspeito Gonzalo, seu próprio aluno, o qual conhece desde menino. Este o intriga com certas teorias e opiniões sobre a justiça, que dão início ao jogo de montagem do quebra-cabeça.
    Esse filme é uma prova de que não são necessários tiros, perseguições ou vilões para se fazer um ótimo filme de suspense. A busca por respostas empreendida pelo personagem principal da história gera um clima de tensão e suspense extremamente atrativo. Quem assiste também é levado a criar suposições e teses sobre quem de fato é o responsável pelo crime e a percepção de cada detalhe se torna importante para tentarmos desvendar o caso em conjunto com o personagem. O filme também propicia um debate sobre o papel da justiça na sociedade e, mais especificamente, em suas diferentes classes sociais.
    O mais legal do filme: o cenário de uma das últimas cenas, o espetáculo real "Fuerza Bruta", de uma companhia artística argentina que está há anos em cartaz em NY.

Trailer

Ficha Técnica
Tesis Sobre Um Homicídio (2013)
Direção: Hernán Goldfrid
Elenco: Ricardo Darín, Alberto Ammann, Calu Rivero, Arturo Puig
Duração: 108 minutos

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Menos Que Nada

    Dante era um menino tímido e solitário quando criança. Sua mãe faleceu durante a infância e ele afastou-se de sua amiga de brincadeiras e de escola. Agora adulto, Dante vive em um Hospital Psiquiátrico e encontra-se num quadro de esquizofrenia, sem receber visitas e sem história pra contar. Até que Paula, uma psiquiatra residente, resolve conhecer mais sobre o seu caso, utilizando-o como objeto de seu trabalho de conclusão de curso.
    Ao procurar os registros sobre o paciente no arquivo do hospital, Paula depara-se com a total falta de informações sobre sua história pregressa e sua família. Ela consegue apenas 3 nomes de pessoas que podem saber algo sobre Dante, pois foram os últimos visitantes que ele recebeu. A partir dessa busca, intermediada pelo instinto e pela determinação de Paula, a história de Dante vai sendo desenterrada, e a descoberta da razão pela qual ele encontra-se nesse estado aproxima-se no decorrer da trama, em meio a pás, vídeos e arqueologia.
    Livremente inspirado no conto "O Diário de Redegonda" (Arhur Schnitzler, Viena, Século XIX), o filme é rodado em Porto Alegre e na praia do Cassino/RS. Um dos cenários mais recorrentes é o histórico Hospital Psiquiátrico São Pedro, que o é na realidade, tendo sido o primeiro do estado gaúcho. Não há um debate explícito sobre a questão da saúde mental e do atraso deste tipo de ambiente, mas imagens e diálogos específicos cumprem bem este papel.
    O mais legal do filme: a própria história contada, que cria expectativas e necessidades de respostas que vão sendo atendidas aos poucos, incluindo aí o curioso título do filme.

Filme completo
Trailer

Ficha Técnica
Menos Que Nada (2012)
Direção: Carlos Gerbase
Elenco: Felipe Kannenberg, Branca Messina, Rosanne Mulholland, Maria Manoella, Carla Cassapo, Roberto Oliveira, Artur José Pinto, Alexandre Vargas
Duração: 105 minutos

sábado, 17 de agosto de 2013

Crash - No Limite (Crash)

Esta resenha foi escrita por Manoela Strait, minha querida aluna de 8ª série, para um trabalho em nossa aula de Sociologia.

    O filme "Crash - No Limite: Até que Ponto Você se Conhece?" é um drama que se passa em Los Angeles, Estados Unidos, e a história dura 36 horas. Tem como tema principal o preconceito e as nossas diferenças. Ele aborda esses assuntos usando fatos que ocorrem no nosso dia a dia. Mostra como a sociedade é hoje diante do diferente e as consequências que isso traz para a nossa vida. De forma clara, o filme consegue demonstrar como nossos pensamentos em relação ao outro podem estar errados e como isso se torna prejudicial à sociedade.
    Em uma das histórias, um casal é parado em uma blitz, e quando um dos policiais vai revistar a mulher, ele também abusa dela. O outro policial, parceiro deste, não concorda com a situação e o policial que abusou dela, passa o filme sendo visto como o vilão. Mas no outro dia, a mulher sofre um acidente e o policial, que havia abusado dela, lhe salva a vida. Já aquele que reprovou o colega no outro dia, acaba cometendo um ato racista. Ou seja, o mocinho vira vilão, e vice-versa.
    Na minha opinião, o filme deve ser assistido, pois ele demonstra o conjunto de preconceitos presentes na sociedade. E como esse fato está presente em ações do nosso cotidiano. Ele passa a mensagem de que os padrões que nós impomos na nossa cabeça é uma realidade diferente daquela que é apresentada pela sociedade.

Trailer

Ficha Técnica
Crash (2004)
Direção: Paul Haggis
Elenco: Don Cheadle, Sandra Bullock, Matt Dillon, Brendan Fraser, Ryan Phillippe, Thandie Newton, Ludacris
Duração: 112 minutos
Principais premiações: Filme (Oscar), Roteiro Original (Oscar, Bafta), Atriz Coadjuvante para Thandie Newton (Bafta), Edição (Oscar).

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Truque de Mestre (Now You See Me)

    Este é um filme bom, se consideramos que o cinema pode servir, e muito bem, apenas como puro entretenimento. Ele não vai te emocionar, nem te desacomodar, provocar uma grande reflexão, nem muito menos faz uso de recursos cinematográficos originais. Mas é uma trama baseada em uma prática à qual dificilmente as pessoas conseguem se manter alheias: o ilusionismo. E só esse motivo já garante a atenção completa durante todo o tempo de filme.
    A história inicia com truques de mágica realizados por quatro ilusionistas com características diferentes em lugares distintos. Os quatro recebem um chamado através de uma carta de tarot. Encontram-se no lugar e horário indicados e, a partir daí, os truques em conjunto iniciam. Daniel, Hanley, Merritt e Jack parecem ter alguma ideia de que estão participando de algo grande, mas o segredo só é revelado no final da história, de uma forma um pouco atropelada, como é comum. Os três grandes truques de mestre do quarteto são assaltos e movimentações bancárias de terceiros, que passam a ser investigados por uma dupla que dá vida ao aspecto romântico do filme.
    Os truques presentes no roteiro são fabulosos, mas nem todos são explicados. Então, se você é daqueles que se pergunta ao final de qualquer número de mágica "Como ele fez isso???", cuidado pra não se decepcionar. Este filme não honra a história do famoso Mister M., apesar de haver um personagem na trama especialista em desmistificar ilusionismos.
    O mais legal do filme: ainda preciso dizer que são as cenas geniais dos truques?

Trailer

Ficha Técnica
Now You See Me (2013)
Direção: Louis Leterrier
Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Morgan Freeman, Woody Harrelson, Isla Fischer, Dave Franco, Michael Caine, Mélanie Laurent
Duração: 116 minutos

   
   

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Vênus Negra (Venus Noire)

    Este filme é baseado em uma história real, ocorrida no início do século XIX na Europa. Saartjie Baartman era uma mulher sul-africana que trabalhava como empregada de uma família de colonos holandeses na Cidade do Cabo. Com 20 anos foi levada pelo irmão de seu chefe para a Inglaterra com o objetivo de fazer apresentações e conquistar sucesso e riquezas. Essa foi a promessa, mas não a realidade. Essas apresentações tratavam-se de exibir seu corpo, já que suas dimensões corporais eram inusitadas aos europeus, principalmente por suas nádegas avantajadas. Em função do formato de seu corpo, Saartjie foi chamada de Vênus Hotentote (hotentote era o nome usado pelos colonizadores europeus para denominar alguns grupos étnicos do Sul da África.).
    A ciência também teve contatos com Saartjie, sempre preocupada em medições e padronizações para diferenciar europeus de africanos, e assim proceder as suas hierarquizações embasadas "cientificamente".
    Este filme é importante por mostrar uma história européia que talvez poucos conheçam: a moda dos zoológicos humanos e das apresentações nos circos de etnias consideradas selvagens ou grotescas. Também traz a tona o caráter duvidoso da ciência feita à época, ainda alheia a conceitos éticos que hoje são imprescindíveis. Mas quanto a contar a história da personagem, acho que filme fica devendo muito. Há um enfoque muito grande nas cenas das apresentações e no corpo da personagem, e pouco na consciência e nos sentimentos dela. Sem falar que há cenas completamente nonsense...
    O mais legal do filme:  Saartjie tocando instrumentos africanos perante o público.

Trailer

Ficha Técnica
Venus Noire (2010)
Direção: Abdellatif Kechiche
Elenco: Yahima Torres, Olivier Gourmet, François Marthouret, Andre Jacobs, Elina Lowensohn
Duração: 159 minutos

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Traffic

    Este filme tem uma característica que eu aprecio muito: várias histórias, que de alguma forma se cruzam, são apresentadas aos poucos a quem assiste. Isso geralmente dá a ideia de que a história de alguém sempre está ligada a diversas outras, de que nada é completamente independente, e de que o universo, a sociedade, a realidade, ou seja lá como denominemos esse lugar e tempo onde vivemos a cada dia, é um todo do qual fazemos parte.
    Neste filme o elo de ligação entre as histórias é o tráfico de drogas realizado entre México e Estados Unidos. Os personagens principais não chegam a se conhecer, mas suas histórias preenchem um ciclo de venda-consumo-combate de substâncias ilícitas.
    São basicamente 3 histórias que ocorrem paralelamente. A primeira é a de Javier Rodriguez, um policial que trabalha na fronteira entre os 2 países e tenta como pode sobreviver aos jogos corruptos que mantém próximos crime e lei. A outra é a de Robert Wakefield, um magistrado recém nomeado para o cargo de chefe da política de combate às drogas dos E.U.A., que não percebe que sua filha é viciada nessas substâncias. Ainda há Helena Ayala, esposa de um líder do tráfico, que pensa ser casada com um empresário honesto bem sucedido. Quem não aparece mesmo é o traficante vendedor, de classe baixa, que vive na linha de fogo. Essa discussão social aparece em apenas uma fala do policial Javier, mas acaba tendo uma certa importância no fechamento da história.
    O mais legal do filme: há uma concepção de fotografia diferente para cada um dos três personagens, o que lhe confere uma riqueza estética maior, além de corroborar com o contexto de cada história.
 
Trailer

Ficha Técnica
Traffic (2000)
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Michael Douglas, Benicio del Tor, Catherine Zeta-Jones, Don Cheadle, Dennis Quaid, Erika Christensen
Duração: 147 minutos
Principais premiações: Direção (Oscar), Ator Coadjuvante para Benicio Del Toro (Oscar, Bafta, Globo de Ouro e Festival de Berlim), Roteiro e Roteiro adaptado (Oscar, Bafta e Globo de Ouro).
    

terça-feira, 9 de julho de 2013

Antes da Meia-Noite (Before Midnight)

    Jesse e Celine se encontraram pela primeira vez em 1995, em "Antes do Amanhecer", quando tinham 20 e poucos anos, em um trem europeu. Ela, francesa, ele, estado-unidense. Passaram juntos um dia apaixonante em Viena, apaixonando-se. Nove anos depois encontraram-se novamente em Paris, em uma livraria. Jesse estava na Europa divulgando seu livro sobre a história de duas pessoas que se encontram e passam um dia memorável juntas. Agora com 30 e poucos anos e com as responsabilidades que essa idade geralmente traz, também chamadas de carreira e filhos, eles têm algumas horas "Antes do Pôr do Sol" para conversar sobre a vida, sobre o que aconteceu com as suas vidas nesse meio tempo e sobre o que farão com elas.
    Em "Antes da Meia-Noite" acompanhamos mais um dia na vida de Jesse e Celine. Mais nove anos se passaram e nos primeiros 10 minutos de filme descobrimos que desta vez os dois viveram este período de tempo juntos. Vivem em Paris e têm filhas gêmeas. Celine está em dúvida quanto a aceitar um emprego no governo, debatendo-se com seus valores e com seu histórico profissional. Jesse está ressentido por não conviver com seu filho pré-adolescente que mora em Chicago com sua ex-mulher, com a qual ele tem uma péssima relação. Sua crises pessoais são um degrau para uma crise no relacionamento.
   O terceiro filme desta magnífica trilogia sobre a vida mantém a delicadeza, a sagacidade dos diálogos e o cenário extremamente belo. O que ele traz de diferente é a realidade de um relacionamento maduro entre duas pessoas na faixa dos 40 anos, que implica em questionamentos e problemas cotidianos a serem resolvidos. Os personagens, muito bem construídos, sedutores e inteligentes, conduzem esse processo de uma forma verdadeira e apaixonada, com toda a dor, o amor e a comédia que uma relação conjugal pode comportar. Cenário melhor não poderia existir: a Grécia, berço de todo o drama da civilização ocidental! E tudo termina num piscar de olhos, mas faz o coração piscar por dias e dias...
    O mais legal do filme: é a minha trilogia preferida! Por isso mereceu mais dos que 20 linhas, ainda que não tão bem escritas como o filme merecia.

Trailer

Ficha Técnica
Before Midnight (2013)
Direção: Richard Linklater
Elenco: Julie Delpy, Ethan Hawke
Duração: 108 minutos
     

domingo, 16 de junho de 2013

Colcha de Retalhos (How To Make An American Quilt)

    Finn Dodd é uma mulher de 26 anos que já mudou 3 vezes o assunto da tese acadêmica que está escrevendo. Sua última temática refere-se ao trabalho manual feito coletivamente por mulheres. Isto, e talvez questionamentos que ela ainda nem sabe que fará, mas que já estão com ela, a levam para passar o verão na casa de sua avó e de sua tia-avó, onde um grupo de mulheres tece quilts a partir de retalhos que bordam. Enquanto isso, seu noivo fica reformando o apartamento onde irão morar, e sua mãe está por aí, começando e terminando com novos namorados.
    Envolta em bordados, linhas e páginas "tecidas" em uma velha máquina de escrever, Finn se torna a ouvinte de cada uma daquelas mulheres, que contam suas nostálgicas histórias, da época em que seus cabelos não eram alvos e as rugas ainda não haviam chegado, desvendando as nuances de todos os relacionamentos humanos e lhe provocando novas reflexões sobre a vida.
   Este é um filme de histórias de mulheres. Todas as ideias, os sentimentos e as próprias histórias de vida, são contadas e expressadas através do ponto de vista feminino. Os homens estão presentes, como os causadores das alegrias, dos infortúnios, das paixões, mas o que está sempre em primeiro plano são os sentimentos delas, o que elas fizeram a partir do que lhes surgiu pelo caminho. Uma característica marcante do filme é o fato de que as histórias que vão sendo contadas são encenadas, e assim podemos ver como eram na juventude aquelas senhoras que agora bordam retalhos inspiradas em suas lembranças.
    O mais legal do filme: as histórias, sobre o amor em todas as suas formas, sobre o perdão, sobre o tempo, que fazem perceber que a nossa vida é como uma colcha de retalhos.

Trailer

Ficha Técnica
How To Make An American Quilt (1995)
Direção: Jocelyn Moorhouse
Elenco: Winona Ryder, Ellen Burstyn, Anne Bancroft, Alfre Woodard, Dermot Mulroney, Kate Nelligan
Duração: 106 minutos

   

sábado, 15 de junho de 2013

Faroeste Caboclo


    Um filme de Faroeste, onde o Oeste é brasileiro e não é bem Oeste, as perseguições são de carro e não a cavalo, a mocinha fuma maconha e o justiceiro é negro. Um pouco diferente do comum, mas ainda assim um Faroeste, com duelos, mortes, perseguições e justiça feita com as próprias mãos.
    Qualquer pessoa que conheça uma das mais famosas músicas do rock brasileiro já sabe que João, nascido em Santo Cristo, interior da região Nordeste brasileira, vai pra Brasília e se torna traficante ao unir-se com Pablo, seu primo peruano. Conhece uma menina chamada Maria Lúcia pra quem jura seu amor e entra em disputa com Jeremias, traficante de renome da região. O filme conta exatamente essa história, com as adaptações necessárias da música para construir um roteiro coeso e que faça total sentido.
    O elenco, deve-se dizer, está impecável. Considerando-se a responsabilidade de dar cara, voz e "jeito" a personagens tão conhecidos e tão cantados há anos pelos brasileiros, acho que fizeram um ótimo trabalho. Também gostei bastante dos incrementos feitos à história da música, necessários para dar veracidade à história. O motivo da morte por "tiro de soldado" do pai de João, a maneira como ele conhece Maria Lúcia, o policial comparsa de Jeremias, ... Tem até uma cena de show de rock em que a Maria Lúcia está com seus amigos, na qual a banda é a Legião Urbana! Achei uma ótima referência.
    O mais legal do filme: o duelo final, que também é o final da música. Desde o início da cena, a forma como o convite é feito, a cocaína voando pelos ares, o cenário de terra vermelha. Genial!

Trailer

Ficha Técnica
Faroeste Caboclo (2013)
Direção: René Sampaio
Elenco: Fabrício Boliveira, Isis Valverde, Felipe Abib, Antonio Calloni, César Trancoso
Duração: 105 minutos

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Somos Tão Jovens

    Demorou bastante pra fazerem um filme sobre a história de Renato Russo, um grande nome da música brasileira. Talvez a indecisão entre qual formato seria feito (houve um projeto de documentário) e a possível reação da família tenham adiado tanto a transformação em filme dessa história que não podia deixar de ser contada.
    E que história é essa? Um jovem que lê muito e escuta muita música começa aos poucos a escrever canções, aprender acordes no violão e a andar com um pessoal parecido com ele, enquanto conhecem as bandas punk estrangeiras do fim da década de 1970. Surge assim, entre bebedeiras, discos, discussões e shows, o Rock de Brasília.
   É uma pena que a demora não tenha sido justificada por uma preocupação com a qualidade do filme ou cuidado com a importância dessa produção pra filmografia brasileira. Achei o filme "pouca coisa" pra um personagem de alto nível como é Renato Russo. E por que achei isso? Explico.
    A escolha do elenco baseou-se na ideia de ter atores parecidos com os personagens da vida real. É legal ver atores fisicamente parecidos, ou, até mesmo, os filhos de dois dos integrantes da 2ª banda de Renato, a Legião Urbana. Mas, o que a maior parte do elenco tem de semelhança física, tem de inexperiência em atuação. Além disso, há cenas forçadas, em que trechos ou títulos de músicas de Renato são inseridas nos diálogos. Percebe-se que essa inserção foi proposital e pensada como algo que daria sentido ao roteiro. Mas aconteceu justamente o contrário. A sensação final do filme: Renato Russo merecia algo melhor.
    O mais legal do filme: as cenas das apresentações e dos destemperamentos de Renato.

Trailer (canal oficial)

Ficha Técnica
Somos Tão Jovens (2013)
Direção: Antonio Carlos da Fontoura
Elenco: Thiago Mendonça, Laila Zaid, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Bianca Comparato, Bruno Torres,  Daniel Passi, etc.
Curiosidade: Nicolau Villa-Lobos interpreta seu pai, guitarrista da Legião Urbana.
Duração: 104 minutos.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Rock Of Ages

    "Apenas uma garota do interior, vivendo em um mundo solitário, que pegou o último trem pra lugar nenhum." Ela encontra um garoto da cidade grande e juntos eles seguem vivendo em uma trilha sonora. Os dois mocinhos e todos os outros personagens cantam seus sentimentos durante o filme, já que se trata de mais um musical da Broadway que foi adaptado para o cinema.
    O musical, que se passa na década de 1980, conta a história de Sherrie, uma garota que pega um ônibus para Hollywood com uma mochila cheia de discos e sonhos de ser uma grande cantora. Ela acaba encontrando Drew, um aspirante a rock star que trabalha no Bourbon, um dos bares mais clássicos de Los Angeles (que, imagino, seja uma representação do Rainbow da vida real). Além do par romântico, outros personagens dão nova voz a clássicos do rock, como os malucos Dennis e Lonny, dono e empregado do bar e Patricia Whitmore, primeira-dama engajada numa luta para acabar com o cenário rock 'n' roll da cidade. Mas o destaque mesmo fica com Stacee Jaxx, vocalista de uma super banda de hard rock, com muitos traços de Axl Rose.
    A história pode ser um pouco clichê, ou até romântica demais (em todos os sentidos), mas tem momentos hilários e a trilha sonora não poderia agradar mais os fãs de hard rock: clássicos de Poison, Foreigner, Journey, Def Leppard, Bon Jovi, entre outros, ganham novas versões, sendo inclusive misturadas umas com as outras em apenas uma música, criando efeitos interessantes.
    O mais legal do filme: o Rock 'n' Roll!

Trailer

Ficha TécnicaRock os Ages (2012)
Direção: Adam Shankman
Elenco: Tom Cruise, Julianne Hough, Diego Boneta, Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jones, Russel Brand, Malin Akerman, Mary J. Blige
Duração: 135 minutos

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Mama

    Se você gosta de tomar vários sustos ao assistir um filme, assista este. Se aprecia uma boa fotografia, assista esse filme. Se independentemente do gênero do filme, gosta de uma boa história que vai aos poucos sendo revelada, esse filme também é pra você. Se admira o trabalho do cineasta Guillermo Del Toro (não conhece? Pois conheça, e comece com "O labirinto do Fauno" e "O Orfanato"), assista-o também, pois é a sua mais nova produção.
    Um homem transtornado por algo que não se explica muito bem, mata seus dois sócios e sua esposa. Pega as duas filhas, Lilly de 1 ano e Victoria de 3, e, em alta velocidade, dirige por uma estrada escorregadia, coberta por neve (cena lindíssima, aliás). Chegam a uma cabana abandonada no meio de uma floresta, onde o homem desaparece. As pequenas garotas ficam, aparentemente, sozinhas. Tudo isso ocorre nos primeiros dez minutos de filme.
    Cinco anos depois, o tio das garotas, irmão de seu pai, ainda as procura, a despeito da improbabilidade de estarem vivas, depois de tanto tempo. Mas elas estão, e são encontradas na mesma cabana em que foram deixadas. Palmas para a cena que mostra esse encontro!
    De volta à sociedade, Victoria e Lilly têm que se adaptar a uma nova vida, indo morar com seu tio Lucas e sua namorada Annabel, e tendo consultas com o Dr. Dreyfuss, um psiquiatra muito interessado no caso. Mas elas ainda guardam uma relação com sua vida na cabana, já que "amor de mãe é eterno", como descrito no subtítulo do filme...
    O mais legal do filme: Lilly, vivida pela pequena grande atriz Isabelle Nélisse.

Trailer

Ficha Técnica
Mama (2013)
Direção: Andrés Muschietti
Elenco: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau, Megan Charpentier, Isabelle Nélisse, Daniel Kash
Duração: 100 minutos
    


Invictus

    O título deste ótimo filme nos remete logo a ideia de invicto, ou seja, que não tem derrotas em sua trajetória. Relação correta, já que um dos personagens principais da história é um time de Rugby que deve manter-se invicto para ganhar a competição mais importante de sua trajetória. Mas o título do filme também se refere a um poema inglês que inspirou o personagem principal do filme durante seus anos na prisão.
    O personagem principal em questão é Nelson Mandela e o time é a seleção sul-africana de Rugby, os Springboks. O filme conta a história de como o então presidente Mandela tentou, através do esporte, unir uma nação separada pelo racismo. Quando a história começa, o Apartheid (regime segregacionista oficial da África do Sul, que distinguia brancos de negros) já foi extinto (1994), Mandela já não é mais preso político e já se tornou presidente do país. Entretanto, apesar de já não existir uma segregação oficial, a nação ainda é dividida em duas, pois os sentimentos de menosprezo e a tensão entre a minoria inglesa e as etnias africanas ainda persiste.
    Mandela, entre várias iniciativas para construir uma nação democrática multi-étnica, percebe que o Rugby, praticado até então apenas pela elite branca, pode ser usado também para esse fim. A partir dessa percepção, estreita sua relação com os Springboks, principalmente com o capitão, François Pienaar. Dessa relação surge um objetivo maior, importantíssimo para a nova nação sul-africana: conquistar a Copa do Mundo de Rugby de 1995. É um filme belíssimo, com ótimas cenas de jogos de rugby, com atuações fantásticas e uma trilha sonora melhor ainda.
    O mais legal do filme: o elenco das equipes de rugby é composto por jogadores de verdade!

Trailer

Ficha Técnica 
Invictus (2009)
Direção: Clint Eastwood
Elenco: Morgan Freeman, Matt Damon, Adjoa Andoh, Tony Kgoroge, Julian Lewis Jones
Curiosidade: O verdadeiro François Pienar auxiliou Matt Damon na construção do personagem para o filme.
Duração: 133 minutos

sexta-feira, 29 de março de 2013

Rain Man

    Sempre me perguntava qual era o sentido do título deste filme. Que relação será que haveria entre a história dos caras da capa do filme e a chuva? Após assisti-lo, minhas expectativas quanto ao título foram superadas. E não, não tem nada a ver com chuva.
    Esta é a história de Charlie Babbitt, dono de uma revenda de carros que está passando por dificuldades financeiras. Essas dificuldades, dentro do roteiro do filme, fazem emergir um personagem muito ligado ao dinheiro e, ligadas a essas características, aparecem outras pra completar o pacote clássico: frieza, insensibilidade, dificuldade de comunicação. Logo descobrimos que por trás dessa personalidade está uma família desestruturada: a mãe de Charlie morreu quando ele tinha apenas 2 anos e a relação com seu pai, que nunca foi boa, acaba quando ele tem 16 anos e vai embora de sua casa. 
    Até então, nada de novo, certo? Pois eis que Charlie recebe uma ligação, informando que seu pai faleceu.  Logo após o enterro, ele descobre, casualmente, que tem um irmão mais velho, o qual é o único herdeiro da fortuna de 3 milhões de dólares de seu pai. Raymond Babbitt é autista e possui a Síndrome de Savant, cuja característica é uma grande capacidade intelectual de memorização mas grande dificuldade de interpretação de contexto, sentimentos e emoções.
    A relação que se desenvolve entre os dois irmãos é o que move a história. Acho que uma falha do filme é a mudança brusca do tratamento que Charlie destina a Raymond, que não convence muito. Além disso, desde o início do filme, já se sabe como vai terminar.
    O mais legal do filme: Raymond é inspirado no estadunidense (gênio autista) Kim Peek.

Trailer

Ficha Técnica
Rain Man (1988)
Direção: Barry Levinson
Elenco: Dustin Hoffman, Tom Cruise, Valeria Golino
Duração: 133 minutos
Principais premiações: Filme (Oscar, Globo de Ouro - Categoria Drama), Direção (Oscar, Festival de Berlim), Ator para Dustin Hoffman (Oscar, Globo de Ouro - Categoria Drama, Bafta), Roteiro Original (Oscar, Bafta).

domingo, 17 de março de 2013

Batismo de Sangue

    Este filme é mais uma produção do cinema nacional entre aqueles que retratam a ditadura militar ocorrida entre os anos de 1964 e 1985, cuja apreciação deveria ser obrigatória para todos os cidadãos brasileiros. Acho louváveis produções como essas, que retratam alguma parte de nossa própria história, muitas vezes escondida ou pouco conhecida da maioria da população. Foi dirigido por Helvécio Ratton, conhecedor de causa, já que foi militante do movimento estudantil nessa época obscura de nossa história.
   Baseado na obra realista homônima de Frei Betto, "Batismo de Sangue" retrata o envolvimento de frades dominicanos com a guerrilha de combate à ditadura, liderada por Carlos Marighella, considerado como o maior inimigo do governo no final dos anos 60. Nessa época, os frades Tito, Betto, Fernando, Ivo e Oswaldo decidem apoiar os guerrilheiros e o movimento estudantil, baseados nos preceitos cristãos de defesa da liberdade e soberania do povo. Esse envolvimento faz com que sejam perseguidos pelo delegado Sérgio Fleury (torturador de marca maior do regime militar), torturados e presos. 
    O livro de Frei Betto, assim como o filme, dá ligeiro destaque à história do seu companheiro Frei Tito, considerado mártir da militância, tendo sido torturado por cerca de 30 dias.
    O mais legal do filme: a dramatização muito fiel de uma história real, que vista e sentida através da brilhante atuação do elenco, nos dá a verdadeira noção de como foi a vida em nosso país de tão pouco tempo atrás. 

Trailer

Ficha Técnica
Batismo de Sangue (2006)
Direção: Helvécio Ratton
Elenco: Caio Blat, Daniel de Oliveira, Cássio Gabus Mendes, Ângelo Antônio, Odilon Esteves, Léo Quintão, Marku Ribas
Principais premiações: Direção e Fotografia (Festival de Cinema de Brasília)
Duração: 112 minutos


terça-feira, 5 de março de 2013

Os Miseráveis (Les Misérables)

    Sabemos que existem gêneros no Cinema. Um deles é o Musical, cuja principal característica é o elenco cantar músicas na maior parte do tempo, ao invés de simplesmente falar. A música, nesse gênero cinematográfico, assume o papel principal, diferentemente das trilhas sonoras em outros gêneros. Se tudo isso não é  nenhum segredo de estado, me pergunto porque as pessoas reclamam que "eles cantam o tempo todo". Essa é a característica desse gênero! Quem não gosta da ideia dos atores "cantando suas falas" não assista, pois há pouquíssimos momentos em que isso não acontece.
    Eu, como gosto desse gênero (até por gostar muito de música), achei o filme espetacular com temas musicais fantásticos! Ele é a adaptação de uma peça de teatro musical, que estreou em 1980 em Paris, que por sua vez é adaptada a partir do livro "Les Misérables" (1862), do francês Victor Hugo. A obra já teve várias adaptações para teatro, televisão e cinema, mas nenhuma obteve tanto sucesso comercial, prêmios e críticas positivas quanto esta última. Após assisti-la fica a vontade grande de ler este clássico da literatura.
    A história ocorre na França monárquica do início do século XIX, logo após a Revolução Francesa, cujos ideais de igualdade nunca se concretizaram. Este fato histórico é marcante na trama, mostrando as histórias realmente miseráveis de pessoas sem esperanças nem oportunidades. Estas histórias se cruzam, sendo Jean Valjean, um ex-prisioneiro, criminoso forjado pela pobreza, o elo de ligação entre elas.
    O mais legal do filme: difícil escolher. Mas fico com as incríveis cenas épicas, primeira e última do filme.

Trailer (site oficial)

Ficha Técnica
Les Misérables (2013)
Direção: Tom Hooper
Elenco: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne
Duração: 157 minutos
Principais premiações: Atriz Coadjuvante para Anne Hathaway (Oscar, Bafta, Globo de Ouro), Maquiagem (Oscar, Bafta), Filme (Globo de Ouro - Categoria Comédia ou Musical), Ator para Hugh Jackman (Globo de Ouro - Categoria Comédia ou Musical).

sábado, 2 de março de 2013

Diabolique

    Nicole Horner e Mia Baran são duas mulheres completamente diferentes. Uma é o estereótipo da mulher frágil, romântica, insegura e tímida. A outra representa o oposto: confiante, ácida, astuta e sexy. O que elas têm em comum? Trabalham como professoras na mesma escola e se relacionam amorosamente e sexualmente com o mesmo homem.
    A partir destas informações pode-ser pensar que as duas mulheres citadas são inimigas, e que este será mais um filme a tratar da infidelidade. Engano. A história se desenvolve justamente a partir do momento em que Nicole e Mia se unem para colocar um fim nessa situação e ainda lucrar financeiramente com isso.
    O homem em comum em suas vidas é o diretor da escola, casado com uma delas e amante da outra. Sua relação com ambas possui características bastante diferentes, mas as duas mulheres se sentem incomodadas com a personalidade dele, um homem dominador e ganancioso. Elas então decidem matá-lo, para livrarem-se dessa relação nefasta. Mas alguém as está observando e faz questão de demonstrar isto a todo momento.
    Esta produção é uma refilmagem do thriller francês "Les Diaboliques", lançado em 1954 e considerado um clássico desse gênero. Dizem que este filme inspirou Alfred Hitchcock no seu maior clássico "Psycho". Coincidência ou não, a melhor cena do filme (ao menos na refilmagem) ocorre em um banheiro.
    O mais legal do filme: os momentos que envolvem o assassinato. O início, o ato e toda a engenharia para se livrar do corpo. Grandes cenas!

Trailer

Ficha Técnica
Diabolique (1996)
Direção: Jeremiah S. Chechik
Elenco: Sharon Stone, Isabelle Adjani, Chazz Palminteri, Kathy Bates
Duração: 107 minutos
   

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

100 Escovadas Antes de Dormir (Melissa P.)

        Quando iniciei o blog uma ideia me ocorreu: escrevo ou não sobre filmes que eu não tenha gostado muito? Acabei deixando a decisão pra quando assistisse um filme de qualidade duvidosa. Pois aqui está a resenha de um filme que eu não gostei muito (e olha que isto é difícil). 
    "100 Escovadas Antes de Dormir" seria um filme adolescente, não fosse pelo alto teor de sexualidade e perversão que ele contém. A história é baseada em um livro de mesmo nome em parte autobiográfico, e seus fãs não receberam bem a adaptação para o cinema. E consigo imaginar o porquê. Geralmente as adaptações da literatura para a sétima arte possuem o mesmo problema: a história acaba reduzida, em tempo e em complexidade. Diálogos, cenas e até mesmo personalidades são modificadas para se adaptarem à linguagem cinematográfica e isso acaba criando um filme de 100 minutos pobre em comparação a um livro de 200 páginas. 
    Nesse caso não foi diferente. É a história de Melissa (a autora do livro), uma garota de 15 anos que mora com sua avó e sua mãe, enquanto seu pai está fora, trabalhando em uma plataforma de petróleo. Ela odeia a mãe, mas nunca entendemos o real motivo desse sentimento. Ela ama um garoto mais velho de sua escola, que se aproveita de sua inexperiência para satisfação própria em uma cena inicial. A partir dessa desilusão, Melissa usa o sexo para se vingar, se sentir viva e viver novas experiências.
    O mais legal do filme: a forma como a personagem, uma garota siciliana de 15 anos, se transforma em outra pessoa quando está envolvida nos jogos eróticos com homens.

Trailer

Ficha Técnica
Melissa P. (2005)
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Maria Valverde, Fabrizia Sacchi, Geraldine Chaplin, Primo Reggiani
Duração: 100 minutos

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Muito Além do Peso

        Neste documentário há uma discussão que aparece de forma incipiente na mídia, não por acaso: a obesidade infantil e todas as possíveis consequências desse sobrepeso e de uma alimentação inadequada. Gravado em diferentes municípios brasileiros, de capitais às mais longínquas comunidades, este filme conta com especialistas em saúde e educação, depoimentos de famílias que passam por esse problema, além de análises de produtos alimentícios direcionados para o público infantil e suas campanhas publicitárias.
    Um dos assuntos tratados no documentário é a associação de brinquedos à comida não saudável. Sabemos que a maior rede de fast-food do mundo é famosa pelos brindes que são dados na compra de um lanche diretamente voltado para as crianças. Também são mostrados os ovos de chocolate, febre durante o período da Páscoa, que trazem muitas vezes como recheio um brinquedo surpresa. E como tudo isso chega até as crianças? Através da publicidade.
    A publicidade para crianças (tema discutido no documentário "Criança, a Alma do Negócio", dos mesmos produtores deste aqui, o Maria Farinha Produções), proibida ou extremamente regrada em muitos países, cria um mundo feliz, mágico e, claro, saudável, associado a produtos que não são nutritivos, muito pelo contrário, são potencializadores de problemas de saúde como o diabetes e o colesterol alto.
    O mais legal do filme: o alerta em relação a um problema bastante atual que deve ser cada vez mais discutido se não quisermos ter uma população de crianças e adultos com problemas de saúde e autoestima.

Trailer
Filme completo

Ficha Técnica
Muito Além do Peso (2012)
Direção: Estela Renner
Com: Jamie Oliver, Amit Goswami, Frei Betto, Ann Cooper, William Dietz, Walmir Coutinho, entre outros.
Duração: 84 minutos

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Django Livre (Django Unchained)


    Um acúmulo de interpretações e personagens brilhantes, quadros externos belíssimos, sangue, música boa, diálogos fortes, miolos voando, piadas críticas e piadas tolas (sendo que a maioria faz rir). Isto é "Django Livre", segundo a minha percepção. Nada muito novo, considerando que Quentin Tarantino é o diretor e roteirista desta obra de western com quase três horas de duração.
    Após abordar o nazismo para dar vida (e muita morte) a seus personagens em "Bastardos Inglórios" (2009), o cineasta retrata neste filme outra das grandes chagas da humanidade: a escravidão de africanos na América. O cenário é a região Sul dos Estados Unidos no período ligeiramente anterior à Guerra Civil Americana, ao final da qual a escravidão foi proibida.
    Django (nome inspirado numa série de filmes western dos anos 60, cujo ator protagonista faz uma participação neste filme como escravista italiano) é um escravo comum pertencente a um fazendeiro comum até encontrar Dr. King Schultz, um dentista caçador de recompensas (!). Django pode ajudar Schultz em uma de suas caçadas e, por isso, este resolve comprá-lo. E é a partir disto que esta história, que começa muito antes do início do filme, se desenvolve.
    E dou outro motivo, além de todos os já citados, para assistir este filme: a Ku Klux Klan é sacaneada (não encontrei outra palavra melhor) em uma cena hilária, que só não é a melhor cena do filme, porque ele está cheio de cenas incríveis.
    O mais legal do filme: "It's me, baby.". Assistam e entenderão o porque.

Trailer

Ficha Técnica
Django Unchained (2012)
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Cristoph Waltz, Leonardo Di Caprio, Kerry Washington, Samuel L. Jackson
Duração: 165 minutos

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tropa de Elite 2

    O filme Tropa de Elite 2 é imperdível. No momento em que estão sendo julgados onze policiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro envolvidos com grupos de extermínio, acusados de serem os responsáveis pela morte da juíza Patrícia Acioli que os investigava, o filme talvez traga um pouco de luz às pessoas que queiram entender o nefasto sistema de um crime muito bem organizado.
    Se no primeiro filme, José Padilha foi acusado de fazer apologia à violência policial (acusação arriscada e indevida, na minha opinião), neste segundo o diretor correu o risco de ser acusado por denunciar justamente a corrupção de uma instituição que protege apenas seus próprios interesses.
    O filme, o mais visto na história do cinema brasileiro, começa pelo final, e a sucessão de acontecimentos que assistimos na verdade é um flashback da história até chegar àquele momento decisivo o qual vimos no início, sem entender muita coisa. A primeira cena desse flashback retrata a violência de uma rebelião em Bangu 1 e traz o surgimento de um novo personagem, Diogo Fraga, professor de história e  militante dos Direitos Humanos, contraponto interessante com relação ao personagem principal. O Capitão Nascimento, narrador da história, explica cada situação, revelando uma maturidade e uma consciência cada vez mais ampliada acerca do sistema que ele tenta combater.
    O mais legal do filme: as descobertas que vão sendo feitas por Nascimento ao longo da história, mostrando que o traficante do pé morro é o inimigo mais frágil dentro de um esquema com oponentes muito mais difíceis de abater.

Trailer

Ficha Técnica
Tropa de Elite 2 - Agora o Inimigo é Outro (2010)
Direção: José Padilha
Elenco: Wagner Moura, Irandhir Santos, André Ramiro, Milhem Cortaz, Maria Ribeiro
Duração: 115 minutos

domingo, 20 de janeiro de 2013

Jean Charles


    O final desse filme todo mundo já sabe, mesmo antes de assistir. Ele é baseado numa história (triste) verdadeira. Em 2005 Londres sofreu vários atentados na ruas e em metrôs, denominados de ataques terroristas. Houve um reforço no policiamento e nas investigações para evitar novos casos. Foi no meio dessa confusão que Jean Charles de Menezes morreu.
    O filme conta uma história que, não fosse pelo final trágico, poderia ser a história de qualquer imigrante brasileiro trabalhando em um país do hemisfério norte para buscar um padrão de vida melhor. Jean vive em um apartamento apertado com seus três primos e todos parecem ter vindo da mesma cidade interiorana mineira, Gonzaga.
    No filme, conhecemos um Jean Charles esperto e generoso, que faz uso de algo que talvez possa ser chamado de "jeitinho brasileiro": cria alternativas e estratégias para prosperar e ajudar os outros. Além do personagem principal, há Vivian, que ganha destaque como prima de Jean,  passando por uma transformação pessoal desde sua chegada a Londres até o assassinato dele.
    O mais legal do filme: a visão de como é a vida dos imigrantes brasileiros na capital britânica. Não que isso seja uma novidade, mas a atuação do elenco (parte dele é composta por verdadeiros imigrantes brasileiros radicados em Londres) é tão convincente e natural que faz com que sintamos a paradoxal liberdade de se estar em um país estrangeiro, teoricamente mais desenvolvido e com melhores condições, mas vivendo na ilegalidade, distantes de casa e de voltar para ela.

Trailer

Ficha Técnica
Jean Charles (2009)
Direção: Henrique Goldman
Elenco: Selton Mello, Vanessa Giácomo, Luiz Miranda, Patrícia Armani
Curiosidade: Patrícia Armani interpreta ela mesma no filme. Ela é realmente prima de Jean Charles.
Duração: 93 minutos

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sob o Sol da Toscana (Under the Tuscan Sun)


    Se você é uma pessoa facilmente seduzível, gosta de aventurar-se por novos lugares ou toma decisões por impulso, não assista este filme. Não será mera coincidência se amanhã você estiver embarcando em um avião. Eu, que não me enquadro (não tanto quanto eu gostaria...) nestas características, quase arrumei as malas e já estava procurando passagens pra Florença depois de assisti-lo.
    A história é inspirada (isto é, inventada sobre uma base verdadeira) no livro autobiográfico da escritora americana Frances Mayes, que dá nome à protagonista.
    No filme, Frances é uma professora e crítica literária californiana. Quando consegue, escritora. É casada, até os primeiros 10 minutos de filme. Na separação ela leva a pior, em todos os sentidos, e se vê obrigada a deixar a própria casa. Afundada na angústia, na perda, no vazio total, uma oportunidade aparece: uma viagem turística para a região da Toscana. E o que seria melhor para recuperar as forças do que pisar com o corpo todo em solo italiano?
    Não há uma discussão sobre acaso ou destino na história, mas outra oportunidade surge para Frances. Sem nada que a prenda em São Francisco, ela a abraça. E é a partir desta decisão que ela, aos poucos, se transforma em Francesca, com a ajuda da paisagem, da cultura local e, fundamentalmente, das pessoas! O humor na medida certa, as frases marcantes e a fotografia incrível não devem passar despercebidos!
    O mais legal do filme: a Itália. Com todos os belos clichês que conhecemos: cores, intensidade, fala cantada, amor, campos floridos, arquitetura divina, mar e gente italiana.

Trailer

Ficha Técnica
Under the Tuscan Sun (2003)
Direção: Audrey Wells
Elenco: Diane Lane, Raoul Bova, Vincent Riotta, Sandra Oh
Duração: 113 minutos