domingo, 31 de agosto de 2014

A Culpa é das Estrelas (The Fault In Our Stars)

    "Só tem uma coisa pior nesse mundo que bater as botas aos dezesseis anos por causa de um câncer: ter um filho que bate as botas por causa de um câncer." Essa é uma das frases que Hazel Grace, personagem principal da história adaptada do livro best-seller de John Green, profere logo no início do filme, e uma das mais marcantes para mim. Simboliza bem dois dos pilares da história, quais sejam: a relação de Hazel com sua mãe, que tenta melhorar sua vida de todas as formas possíveis; e sua relação com a doença, um desgosto conformado.
    Hazel é uma adolescente de dezesseis anos, diagnosticada aos treze com câncer de tireoide. Seus pulmões afetados pela doença fazem com que ela tenha que carregar um cilindro de oxigênio para poder respirar. Em um grupo de apoio ela conhece Augustus waters, um ano mais velho do que ela, com rosto de galã e uma perna amputada em decorrência de um câncer nos ossos. Após certa relutância, Hazel passa a aprender com Augustus a lidar com sua doença com um pouco mais de humor e de esperança.
     Este é, sem dúvida, um romance adolescente, porém um pouco diverso dos demais. Um casal com uma perna a menos e duas cânulas no nariz a mais é, sem dúvida, um casal fora do modelo adolescente de Hollywood. Além disso, sabe-se que as coisas podem não dar certo no fim, não porque um dos dois vai ser infiel, querer ficar com outras pessoas ou ser alvo de um mal-entendido, mas sim porque a doença pode levá-los a óbito.
    O mais legal do filme: a mensagem passada para os adolescentes: nossas imperfeições e problemas não impedem o surgimento do amor.


Ficha Técnica
The Fault In Our Stars (2014)
Direção: Josh Boone
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Laura Dern, Willen Dafoe, Nat Wolff, Sam Trammel.
Duração: 125 minutos


A Ponte (The Bridge)

    
    A ponte Golden Gate é um dos cartões postais mais famosos dos Estados Unidos, uma construção já considerada como uma das sete maravilhas da engenharia no mundo, e um dos locais mais visitados no estado da Califórnia. Ela liga a metrópole de São Francisco à cidade de Sausalito, tem quase 70 metros de altura em relação ao mar e dois quilômetros de extensão em suspensão. Mas para além da beleza e das proporções espantosas, a ponte esconde um drama: é o segundo local mais escolhido no mundo para cometer suicídio.
    Ao longo do ano de 2004, a equipe do filme, através de câmeras instaladas em vários pontos diferentes, funcionando diariamente, registrou 23 suicídios, dos 24 que ocorreram naquele ano, além de diversas tentativas de suicídios não concretizadas. Além dessas imagens, que perturbam e emocionam, a equipe entrevistou familiares e amigos de algumas das pessoas que foram registradas em seus últimos momentos de vida, ajudando a contar suas histórias e a tentar entender os motivos pelos quais tomaram essa decisão.
    A mim foi impossível não sentir uma profunda tristeza, um sentimento de vazio perante à frágil racionalidade da vida, e até uma admiração por essas pessoas: elas sentiram algo que a maioria de nós jamais será capaz de sentir ou de compreender.
    O mais legal do filme: é um filme bonito sobre um assunto doloroso. O suicídio foi abordado de forma a não condenar ou culpar ninguém. As pessoas mostradas foram tratadas com respeito, assim como sua decisão. Uma das entrevistas, com os pais de um jovem que saltou da ponte, me tocou profundamente: eles compreenderam que, para o filho, saltar era libertar-se.
OBS: Há dois meses, foi aprovada pela autoridade responsável a construção de uma rede de proteção para evitar suicídios. Fiquei feliz com a notícia.

Trailer
Filme completo legendado
Site oficial

Ficha Técnica
The Bridge (2006)
Direção: Eric Steel
Inspirado no artigo "Jumpers", escrito por Ted Friend, publicado na revista The New Yorker em 2003.
Duração: 95 minutos

    

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O Que Os Homens Falam (Una Pistola En Cada Mano)

    Estamos carecas de ouvir aqueles ditados dizendo "Todo homem pensa...", "Toda mulher sonha...", "Os homens são muito...", "As mulheres odeiam...", como se homens e mulheres fossem todos iguais apenas por terem determinado gênero. Um destes ditados diz que homens não sabem se expressar e que não falam sobre seus sentimentos com os amigos. Será verdade? Será que todos os homens são assim? E ainda, será que os homens querem ser vistos desta forma?
    Esta comédia espanhola, que só por ter o fantástico Ricardo Darín no elenco já vale a ida ao cinema, aborda sentimentos e fragilidades masculinos, e como os homens os expressam, com diálogos inteligentes e engraçadíssimos. Em situações inusitadas, os oito personagens quarentões desse filme ou falam demais, ou falam de menos.
     A obra é composta por várias histórias independentes, contadas em cenas que duram, em média, quinze minutos. Quinze minutos de diálogo e o tempo passa voando! Tanto os diálogos entre homens, quanto os diálogos com mulheres, demonstram que os homens muitas vezes não falam sobre seus problemas por vergonha ou por não terem sido acostumados a fazê-lo, e que outros têm buscado aprender a falar, motivados ou não por suas companheiras. As mulheres do filme, aliás, são a personificação da praticidade, característica geralmente associada ao estereótipo masculino. São elas que demonstram aos homens, perdidos em suas crises de meia-idade, que a vida só é complicada para quem a complica.
    O mais legal do filme: Há cenas realmente hilárias, mas se eu pudesse escolher uma pra assistir novamente, seria esta da foto que ilustra o post. É a melhor!


Ficha Técnica
Una Pistola En Cada Mano (2012)
Direção: Cesc Gay
Elenco: Ricardo Darín, Javier Cámara, Candela Peña, etc.
Duração: 95 minutos